Durante um discurso para empresários japoneses, o presidente brasileiro criticou o avanço da extrema direita e alertou para os perigos do negacionismo. O petista reforçou a importância da política e do multilateralismo como pilares fundamentais para o futuro da humanidade.
Negacionismo e autoritarismo ameaçam a democracia, diz Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (26) que o avanço da extrema direita negacionista representa uma séria ameaça à democracia global. Em evento de encerramento do Fórum Empresarial Brasil-Japão, em Tóquio, Lula destacou que a rejeição à política e ao debate público pode trazer consequências irreversíveis para o planeta.
“O perigo cresce quando líderes negam vacinas, mudanças climáticas e o próprio sistema democrático. Eles não reconhecem partidos políticos, sindicatos e outras instituições fundamentais. A negação da política não trará benefícios para a humanidade”, declarou o presidente.
A fala de Lula veio acompanhada de críticas indiretas a líderes globais que adotam posturas protecionistas e isolacionistas, colocando em xeque acordos internacionais e avanços no combate às mudanças climáticas.
Livre comércio e multilateralismo: o recado para os grandes líderes
Além das críticas ao negacionismo, Lula defendeu a necessidade de fortalecer o livre comércio e evitar um novo ciclo de disputas econômicas que levem o mundo a uma espécie de “Segunda Guerra Fria”. Para ele, o protecionismo prejudica o crescimento econômico e a distribuição de riquezas entre os países.
“Precisamos defender com força o livre comércio. Não queremos voltar a defender o protecionismo. O que buscamos é um comércio justo, que permita a todos os países crescerem dentro de um modelo democrático e sustentável”, afirmou.
A fala do petista foi interpretada como uma resposta indireta ao presidente norte-americano Donald Trump, que tem imposto tarifas sobre produtos estrangeiros para favorecer a produção interna dos Estados Unidos.
Conflito comercial com os EUA: nova tensão no horizonte?
A postura protecionista de Trump já havia sido criticada por Lula em declarações anteriores. Em 19 de março, o presidente brasileiro classificou como “equivocada e injustificada” a decisão dos EUA de impor tarifas sobre o aço e o alumínio. Segundo ele, a medida não beneficia nenhum dos lados e compromete parcerias comerciais de longa data.
“Taxar o aço e o alumínio da forma como foi feito pelos Estados Unidos não traz nada de bom para ninguém. Isso prejudica tanto as empresas brasileiras quanto as americanas, que há décadas mantêm uma relação de parceria e complementaridade”, afirmou na ocasião.
A crítica de Lula reforça a posição de seu governo contra políticas protecionistas e a favor do diálogo internacional para resolver impasses comerciais. O vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, também já havia se manifestado sobre o tema, destacando que o Brasil buscará conversas com a Casa Branca para reverter as medidas.
“O caminho não é olho por olho. Se for assim, todo mundo acaba cego. O comércio exterior precisa ser ganha-ganha, e não uma guerra de tarifas”, declarou Alckmin.
Com o cenário político global cada vez mais polarizado, as declarações de Lula evidenciam um esforço diplomático para fortalecer o Brasil no cenário internacional e evitar que disputas entre grandes potências prejudiquem a economia mundial.