O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, voltou a ser o centro das atenções ao fazer uma declaração bombástica sobre o futuro político do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista publicada pela renomada revista norte-americana The New Yorker, Moraes afirmou que, mesmo que Bolsonaro seja absolvido em processos criminais, ele continuará inelegível e sem chances de voltar ao Palácio do Planalto.
A fala do ministro caiu como uma bomba no cenário político brasileiro e reacendeu o debate sobre o destino de Bolsonaro e da direita conservadora no país. O magistrado foi enfático ao afirmar que as condenações do ex-presidente na Justiça Eleitoral são definitivas e praticamente impossíveis de serem revertidas.
Alexandre de Moraes garante que Bolsonaro está inelegível de forma definitiva
Segundo Moraes, o ex-presidente enfrenta um caminho extremamente difícil para retornar ao jogo político. O ministro explicou que Bolsonaro pode até ser inocentado no processo criminal que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado. No entanto, as condenações impostas pelo Tribunal Superior Eleitoral já foram analisadas, julgadas e agora só poderiam ser revertidas pelo próprio Supremo Tribunal Federal — o que, de acordo com ele, não deve acontecer.
O ministro destacou que os casos que tornaram Bolsonaro inelegível já passaram por todas as instâncias possíveis dentro da Justiça Eleitoral. Foram duas condenações que o afastaram da possibilidade de se candidatar novamente. Ambas já estão no STF, mas Moraes deixou claro que considera remotas as chances de uma reversão.
Para o magistrado, o sistema judiciário brasileiro está funcionando dentro da legalidade e do devido processo. Ele rejeitou as acusações de que o ex-presidente estaria sendo alvo de perseguição política. Moraes ressaltou que as denúncias partiram não apenas da Polícia Federal, mas também da Procuradoria-Geral da República, o que fortalece a credibilidade das ações contra Bolsonaro.
Moraes vê possibilidade de nova liderança na família Bolsonaro
Apesar de enterrar as chances do ex-presidente, Alexandre de Moraes reconheceu que o bolsonarismo ainda pode ter um futuro político. O ministro afirmou que Michelle Bolsonaro, esposa do ex-presidente, e um de seus filhos poderiam concorrer à Presidência da República com o apoio direto de Jair Bolsonaro.
Entretanto, Moraes fez uma ressalva importante. Para ele, nenhum dos possíveis sucessores do ex-presidente possui a mesma relação com as Forças Armadas que Bolsonaro construiu ao longo de sua trajetória política. Essa relação, segundo Moraes, foi um dos pilares da influência de Bolsonaro e algo difícil de ser replicado por seus herdeiros políticos.
Ainda assim, o ministro não descarta que o bolsonarismo continue vivo nas próximas eleições. Ele acredita que a força eleitoral do ex-presidente poderá ser transferida para um nome próximo, mas com limitações claras em relação ao prestígio militar e à capacidade de mobilização nacional que Bolsonaro demonstrou em seus anos de governo.
Ministro rebate acusações de julgamento parcial e perseguição política
Outro ponto destacado na entrevista de Alexandre de Moraes foi a resposta direta às acusações de que Bolsonaro estaria enfrentando um julgamento parcial. O ex-presidente e seus aliados vêm sustentando publicamente a tese de que são vítimas de perseguição política por parte do Supremo Tribunal Federal.
Moraes rejeitou categoricamente essa narrativa. O ministro afirmou que as investigações e denúncias contra Bolsonaro seguem o trâmite normal da Justiça brasileira e que cabe ao tribunal garantir o direito de defesa a todos os acusados. Para ele, o momento do julgamento é a hora adequada para que os réus apresentem seus argumentos e provas.
O magistrado ainda reforçou que a denúncia contra Bolsonaro foi formalizada pela Procuradoria-Geral da República, órgão autônomo e independente do STF. Segundo Moraes, isso desmonta a tese de perseguição e demonstra que o processo tem respaldo legal e institucional.
Além disso, Moraes classificou como “colapsada” a narrativa de perseguição pessoal. Para ele, essa estratégia política não resiste ao exame dos fatos e dos procedimentos adotados pela Justiça. O ministro defendeu que as investigações são baseadas em provas concretas e que todos os envolvidos terão a oportunidade de se defender.
Futuro político do Brasil segue indefinido e bolsonarismo busca alternativas
A entrevista de Alexandre de Moraes evidencia um cenário político brasileiro cada vez mais imprevisível. De um lado, o ex-presidente Jair Bolsonaro enfrenta múltiplos processos judiciais e uma inelegibilidade que parece irreversível. Do outro, sua base de apoiadores e familiares busca se reorganizar para manter viva a influência política do bolsonarismo.
Especialistas apontam que o eleitorado conservador brasileiro continua forte e relevante. A possibilidade de Michelle Bolsonaro ou um dos filhos do ex-presidente disputarem a Presidência é vista como viável, embora com dificuldades. A ausência de Bolsonaro nas urnas representa um desafio significativo para o grupo político que ele lidera, mas não significa o fim de sua influência.
A relação com as Forças Armadas, apontada por Moraes como um diferencial de Bolsonaro, pode ser um obstáculo adicional para seus sucessores. No entanto, o capital político do ex-presidente e sua base fiel de eleitores ainda podem ser decisivos em uma eleição polarizada.
Enquanto isso, o governo Lula observa o desenrolar dos fatos com cautela. A consolidação da inelegibilidade de Bolsonaro alivia a pressão sobre o Palácio do Planalto, mas não elimina os riscos de enfrentamento com uma direita fortalecida e em busca de novos líderes.
A oposição deve explorar ao máximo a narrativa de perseguição e tentativa de silenciamento de Bolsonaro, mesmo com as negativas do Supremo Tribunal Federal. Essa estratégia continuará alimentando o discurso de vitimização e poderá manter acesa a chama do bolsonarismo nas redes sociais e nas ruas.
O futuro político do Brasil permanece em aberto. As decisões da Justiça terão impacto direto nas eleições de 2026 e na configuração das forças políticas do país. Bolsonaro pode estar fora das urnas, mas seu legado e sua influência ainda serão peças-chave no tabuleiro eleitoral. O jogo continua, e as próximas movimentações prometem agitar ainda mais o já conturbado cenário político brasileiro.