A mais nova crise política escancara a fragilidade da base governista na Câmara dos Deputados. Em um movimento inesperado e polêmico, mais de 100 deputados aliados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinaram o pedido de urgência para votar a anistia aos envolvidos nos atos do 8 de Janeiro. A decisão acendeu o alerta máximo no Palácio do Planalto e expôs publicamente o racha dentro dos partidos da base.
Deputados da base de Lula aderem à anistia e expõem crise política
O Partido Liberal (PL), principal legenda de oposição ao governo Lula, conseguiu articular um movimento estratégico capaz de surpreender até os mais experientes analistas políticos. A legenda abandonou a obstrução das votações e passou a investir em uma ofensiva direta: coletar assinaturas de deputados para aprovar o regime de urgência do projeto de anistia.
O que mais chamou a atenção foi o número expressivo de deputados pertencentes a partidos da base governista que aderiram à proposta. MDB, União Brasil, PSD, Republicanos e PP — todos com ministérios e cargos indicados pelo governo Lula — entregaram dezenas de assinaturas favoráveis ao PL. A lista já ultrapassa 100 nomes ligados ao governo.
Esse gesto é um sinal claro de que o apoio ao governo Lula no Congresso Nacional está cada vez mais frágil e condicionado a interesses regionais e pressões políticas externas. A promessa de anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro ganhou força entre os parlamentares por conta do discurso de “pacificação nacional” e “justiça”, promovido pela oposição.
Para o Palácio do Planalto, o avanço da proposta é um duro golpe político. O governo Lula vê a pauta da anistia como um retrocesso e uma ameaça à narrativa de defesa da democracia construída desde o início do seu mandato.
PL lidera ofensiva para aprovar anistia e isola o governo Lula
A condução desse movimento tem nome e sobrenome: Partido Liberal. Desde o final de março, o PL vinha tentando pressionar a presidência da Câmara dos Deputados para colocar em pauta o regime de urgência da anistia. Com dificuldades iniciais de articulação, o partido mudou a estratégia e passou a buscar assinaturas de deputados, inclusive da base aliada de Lula.
O presidente do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), confirmou que a sigla optou por abandonar a obstrução das votações e investir no diálogo direto com os parlamentares. A aposta deu certo. Deputados de diferentes regiões do país se mostraram favoráveis à proposta, mesmo sob o risco de desagradar o governo.
Para a oposição, a anistia é apresentada como uma pauta de justiça, reconciliação e pacificação nacional. A narrativa ganhou força especialmente entre parlamentares que sofrem pressão de suas bases eleitorais ou que possuem vínculo com o eleitorado conservador.
O movimento do PL também mostrou um isolamento do governo Lula no Congresso Nacional. A base aliada não resistiu ao apelo popular e acabou cedendo ao avanço da proposta da oposição. A previsão é de que o número de assinaturas continue aumentando nos próximos dias, o que pode garantir a votação direta da matéria no Plenário da Câmara.
Traição política: partidos aliados ao governo assinam urgência da anistia
Os números não mentem e mostram a dimensão da crise enfrentada por Lula. O levantamento atualizado aponta que os cinco principais partidos aliados ao governo já contabilizam 116 assinaturas no requerimento de urgência para a anistia dos envolvidos no 8 de Janeiro.
Os destaques são:
• PP: 30 assinaturas
• União Brasil: 29 assinaturas
• Republicanos: 23 assinaturas
• PSD: 17 assinaturas
• MDB: 17 assinaturas
Todos esses partidos têm ministérios no governo Lula e, mesmo assim, não hesitaram em se posicionar a favor da proposta liderada pela oposição. Essa realidade evidencia que o apoio ao Palácio do Planalto é, muitas vezes, apenas formal e não se sustenta diante de pautas de grande repercussão popular.
A traição política está escancarada. Deputados que, na teoria, deveriam seguir a orientação do governo, decidiram atender aos apelos de suas bases eleitorais e priorizar a sobrevivência política. A votação da anistia virou uma verdadeira prova de fogo para o governo Lula, que se vê em meio a um Congresso dividido, instável e cada vez menos confiável.
O grande temor do governo é que a aprovação da anistia seja vista como uma derrota simbólica, com potencial de enfraquecer ainda mais a governabilidade e abrir espaço para novas derrotas em temas polêmicos.
Enquanto isso, o PL segue mobilizando seus parlamentares e ampliando a pressão sobre os indecisos. Caso o número de assinaturas chegue a 257 — número necessário para garantir o regime de urgência — a votação poderá ocorrer a qualquer momento, sem necessidade de análise prévia em comissões.
Conclusão: Governo Lula em xeque e futuro da anistia em aberto
A movimentação em torno da anistia aos envolvidos nos atos do 8 de Janeiro revelou um Congresso Nacional em ebulição e um governo cada vez mais acuado politicamente. O apoio de mais de 100 deputados da base aliada à proposta da oposição escancarou a fragilidade da articulação política do Palácio do Planalto.
O PL, habilidoso em sua estratégia, conseguiu não apenas isolar o governo, mas também apresentar o discurso de pacificação nacional como uma pauta legítima e popular. O caminho para a votação da anistia está cada vez mais pavimentado.
Resta saber se o governo Lula terá força suficiente para reverter esse quadro ou se, mais uma vez, precisará ceder à pressão do Congresso. Uma coisa é certa: a crise política está instalada, a base governista se mostrou dividida e o futuro da anistia caminha para ser um dos capítulos mais polêmicos e decisivos deste mandato.
O Brasil segue acompanhando, atento, os próximos desdobramentos dessa batalha política que promete esquentar ainda mais o cenário em Brasília.