Glauber Braga entra na segunda semana de greve de fome após ameaça de cassação

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Deputado do PSol protesta contra decisão do Conselho de Ética e já perdeu 4kg
Movimento atrai apoio de ministros, parlamentares e figuras públicas
Cassação por agressão física levanta debate sobre limites do decoro parlamentar

Glauber Braga em greve de fome: protesto político choca o Congresso Nacional

O deputado federal Glauber Braga (PSol-RJ) completa, nesta quarta-feira (16/4), sete dias de greve de fome dentro das dependências da Câmara dos Deputados, em Brasília. O protesto teve início no dia 9 de abril, logo após o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar aprovar, por 13 votos a 5, o parecer que recomenda a cassação de seu mandato. Glauber foi acusado de agredir fisicamente um militante do Movimento Brasil Livre (MBL), fato registrado em vídeo e amplamente divulgado nas redes sociais.

Desde então, o parlamentar se mantém acampado no Plenário 5, localizado no corredor de comissões da Câmara, onde montou uma estrutura improvisada para dormir. Um colchão foi colocado no chão, ao lado de uma planta levada por apoiadores. Glauber também utiliza os banheiros da Casa e toma banho nas instalações do Legislativo. Segundo sua assessoria, ele tem ingerido apenas soro fisiológico, isotônicos, água de coco e água mineral, sob monitoramento médico constante.

De acordo com boletim divulgado por sua equipe, o parlamentar já perdeu cerca de 4kg desde o início da greve, além de apresentar sinais de fadiga, fraqueza muscular e baixa resistência. Mesmo debilitado, Glauber afirma que continuará o protesto até que seu mandato seja preservado ou o processo de cassação seja revisto. O gesto ganhou repercussão nacional e gerou mobilização de diversos setores políticos e sociais.

Entenda a denúncia que pode levar à cassação de Glauber Braga

O processo disciplinar contra Glauber Braga teve origem em uma denúncia feita pelo Partido Novo, após um episódio de confronto físico dentro da Câmara dos Deputados. No vídeo, gravado em 2023, Glauber aparece dando chutes para expulsar um manifestante do MBL que, segundo relatos, estaria provocando e tumultuando uma sessão. Apesar do histórico da Casa, em que casos semelhantes de confronto físico foram punidos com advertências ou suspensões, desta vez o Conselho de Ética optou pela punição mais severa: cassação do mandato parlamentar.

Esse desfecho gerou críticas de juristas, movimentos sociais e outros parlamentares, que classificam a decisão como desproporcional e até mesmo como um ataque à liberdade de atuação parlamentar. Especialistas em Direito Constitucional alertam para os riscos de se criar um precedente perigoso, onde manifestações mais incisivas de parlamentares possam ser interpretadas como quebra de decoro passível de cassação.

O PSol, partido de Glauber, declarou que vê o processo como um ataque político, e que a cassação está sendo usada como instrumento para enfraquecer parlamentares de oposição com postura mais combativa. Nas palavras do deputado, o julgamento é “injusto, arbitrário e motivado por interesses ideológicos”.

Segundo os trâmites legais da Casa, a decisão final cabe ao Plenário da Câmara dos Deputados, que precisa de 257 votos favoráveis para aprovar a cassação. Glauber já declarou que, caso perca o mandato, recorrerá ao Supremo Tribunal Federal (STF) por violação ao devido processo legal e excesso de punição.

Apoio cresce: ministros do governo e lideranças visitam Glauber na Câmara

Desde o início do protesto, Glauber Braga tem recebido o apoio presencial de ministros de Estado, deputados, senadores, líderes religiosos, artistas e militantes. Ao todo, sete ministros do governo Lula já visitaram o parlamentar, demonstrando solidariedade à sua causa. Estiveram com ele:

  • Gleisi Hoffmann, ministra das Relações Institucionais

  • Sidônio Palmeira, da Secretaria de Comunicação

  • Macaé Evaristo, ministra dos Direitos Humanos

  • Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência

  • Cida Gonçalves, ministra das Mulheres

  • Sonia Guajajara, dos Povos Originários

  • Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário

Além das visitas, um manifesto em defesa do mandato de Glauber Braga foi divulgado por intelectuais e artistas, denunciando o processo como uma tentativa de criminalizar a política progressista. A mobilização nas redes sociais também é intensa: hashtags como #FicaGlauber e #GlauberResiste têm alcançado milhares de menções no Twitter, TikTok e Instagram.

O gesto do deputado é visto como um símbolo de resistência, especialmente entre setores da esquerda que denunciam uma perseguição política e ideológica dentro do Congresso. Em meio a esse cenário, o PSol chegou a organizar um ato simbólico com música e discursos em frente ao plenário onde Glauber está, que incluiu até um pequeno samba de protesto em sua homenagem.

Outro ponto que comove a opinião pública é a presença do filho de Glauber, fruto de seu relacionamento com a deputada Sâmia Bomfim (PSol-SP). A criança visita o pai com frequência, sempre acompanhada, para manter o laço familiar sem afetar sua rotina.

Cassação de mandato pode marcar novo capítulo na história do Congresso

A possível cassação de Glauber Braga por agressão física seria a primeira da história da Câmara dos Deputados com esse motivo específico. Até hoje, todos os parlamentares cassados o foram por envolvimento com corrupção, compra de votos ou quebra grave de decoro com dano institucional.

Caso a cassação seja aprovada pelo plenário, especialistas alertam para uma mudança de paradigma, onde episódios de confronto político podem passar a ser julgados com base em critérios subjetivos e sem garantias de imparcialidade.

Por outro lado, parlamentares da oposição consideram que a punição é necessária para manter o decoro e a ordem nas dependências da Câmara, mesmo que o episódio tenha sido pontual. Para eles, não importa a ideologia: a agressão física dentro do Parlamento deve ser punida com rigor.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ainda não se posicionou oficialmente sobre o caso, mas já determinou que o parecer do Conselho de Ética siga para apreciação em plenário nas próximas semanas. A expectativa é de que a votação ocorra ainda em abril, em meio a um clima de tensão e forte pressão popular.

Conclusão: o jejum de Glauber Braga ecoa além da Câmara

O caso Glauber Braga se tornou um marco político e simbólico no Congresso Nacional. A greve de fome do deputado não é apenas um ato pessoal, mas um protesto contra o que ele e seus apoiadores classificam como perseguição política e cerceamento da atuação parlamentar combativa.

Independente do desfecho, o gesto já reverberou dentro e fora do Parlamento, expondo falhas no processo ético da Casa, reacendendo debates sobre liberdade de expressão parlamentar e evidenciando a crescente polarização política no Brasil.

A continuidade da greve de fome pode representar riscos à saúde de Glauber, mas também pode ser o fator de pressão decisivo para alterar o curso do processo. Enquanto isso, os olhos do Brasil se voltam para a Câmara — onde a democracia, mais uma vez, está em xeque.

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