Ex-presidente sofre mal súbito no RN e é internado com urgência
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) precisou interromper às pressas sua agenda política no Nordeste após ser internado com urgência em Natal, capital do Rio Grande do Norte. O político deu entrada no Hospital Rio Grande na noite da sexta-feira, 11 de abril, após apresentar um quadro de mal-estar abdominal durante uma visita ao município de Santa Cruz.
A internação de emergência causou uma reviravolta em seus compromissos no Norte e Nordeste, que vinham sendo usados como palanque para fortalecer seu grupo político de olho nas eleições municipais de 2024 e, principalmente, nas movimentações para 2026. A previsão é que Bolsonaro permaneça hospitalizado pelo menos até o final da manhã deste sábado, 12 de abril, quando será divulgado um novo boletim médico oficial.
Repercussão imediata e mobilização médica
Segundo informações divulgadas por médicos, familiares e assessores próximos, a decisão de manter Bolsonaro internado em Natal foi tomada após avaliação conjunta entre profissionais locais e médicos que o acompanham regularmente em São Paulo e em Brasília.
O quadro clínico apresentado foi identificado como uma obstrução intestinal, complicação diretamente relacionada às cirurgias que o ex-presidente passou nos últimos anos, desde o atentado a faca que sofreu durante a campanha presidencial de 2018.
De acordo com o médico Elio Barreto, que lidera o tratamento na capital potiguar, Bolsonaro está consciente, sob uso de antibióticos e com uma sonda nasogástrica aberta. Ainda segundo o boletim médico, ele encontra-se em dieta zero, sendo alimentado via nutrição parenteral total, após a passagem de um acesso venoso central. Não houve intercorrências no procedimento.
A emergência durante o giro político
O episódio ocorreu quando Bolsonaro participava de eventos políticos em Santa Cruz, cidade localizada no interior do Rio Grande do Norte. De acordo com relatos de aliados, ele começou a sentir fortes dores abdominais, que rapidamente evoluíram para um mal-estar grave. Diante da situação, foi necessário acionar uma ambulância do SAMU, e o transporte até Natal foi realizado por helicóptero, cedido pela governadora do estado, Fátima Bezerra (PT), o que chamou atenção pelo gesto institucional, mesmo diante da polarização política.
Ao desembarcar em Natal, Bolsonaro foi recebido e acompanhado pessoalmente pelo secretário estadual de Saúde, Alexandre Motta, o que reforça a gravidade do ocorrido e a mobilização em torno do ex-presidente, que segue como uma figura central na política nacional, mesmo fora do cargo.
Histórico de complicações e nova crise
Desde que foi vítima de um atentado a faca em setembro de 2018, Jair Bolsonaro já passou por mais de cinco cirurgias abdominais. A obstrução intestinal é uma das complicações mais recorrentes entre pacientes que enfrentaram múltiplos procedimentos invasivos na região abdominal.
Esta não é a primeira vez que o ex-presidente precisa ser hospitalizado por esse tipo de problema. Em diversas ocasiões desde que deixou o cargo, ele precisou ser internado tanto em São Paulo quanto em Brasília para tratar de dores e distensões intestinais. Cada novo episódio reforça as preocupações em relação à sua saúde, especialmente agora que Bolsonaro tem se mostrado cada vez mais ativo politicamente, tentando retomar o protagonismo que teve entre 2019 e 2022.
Carlos Bolsonaro atualiza estado de saúde do pai
Em suas redes sociais, o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, informou que seu pai foi sedado para a realização de exames ainda na unidade de saúde do interior, antes de ser transferido para Natal. Segundo ele, apesar da gravidade do quadro, o ex-mandatário permaneceu acordado e lúcido durante o transporte, o que inicialmente tranquilizou os familiares e aliados próximos.
Carlos ainda comentou que uma eventual transferência para São Paulo, onde o ex-presidente costuma se tratar, dependeria dos resultados de uma tomografia abdominal, prevista para ser realizada ainda nesta manhã. No entanto, a equipe médica já adiantou que, por ora, a permanência no Hospital Rio Grande é a opção mais segura.
Impactos políticos da internação emergencial
A internação forçada de Bolsonaro representa um freio inesperado em sua ofensiva política pelo Nordeste. A região, tradicional reduto da esquerda, vinha sendo alvo de articulações do ex-presidente e de seus aliados com o objetivo de conquistar prefeituras importantes e aumentar sua capilaridade eleitoral.
A viagem ao Rio Grande do Norte fazia parte de um giro estratégico que também previa passagens pela Paraíba, Pernambuco e Ceará. Todos os compromissos foram suspensos por tempo indeterminado, segundo informou sua assessoria de imprensa. Ainda não há previsão de retomada do cronograma.
Especialistas em ciência política avaliam que a situação de saúde de Bolsonaro, além de preocupar aliados, também gera impacto no planejamento do PL, partido que depende fortemente de sua imagem para impulsionar candidaturas em diversas regiões do país. O episódio reacende o debate sobre a sustentabilidade física de sua atuação política contínua, especialmente diante da possibilidade de disputar um novo cargo majoritário em 2026, caso sua inelegibilidade seja revertida.
Reações no meio político e redes sociais
A notícia da internação de Bolsonaro gerou intensa repercussão nas redes sociais e entre figuras públicas de diferentes espectros ideológicos. Enquanto seus apoiadores manifestaram solidariedade e pediram orações por sua recuperação, opositores evitaram comentários diretos, optando por mensagens institucionais e de respeito.
O senador Rogério Marinho (PL-RN), aliado próximo e uma das lideranças bolsonaristas no estado, declarou que “Bolsonaro está sob cuidados médicos competentes e conta com o apoio de todo o povo potiguar”. Já a governadora Fátima Bezerra, mesmo sendo adversária política do ex-presidente, autorizou prontamente o uso de estrutura aérea do governo estadual para garantir o deslocamento seguro até a capital.
Expectativas para o próximo boletim médico
A expectativa agora gira em torno da divulgação do novo boletim médico, previsto para às 11h deste sábado. A depender dos resultados dos exames e da resposta ao tratamento, será decidido se Bolsonaro seguirá hospitalizado em Natal ou será transferido para outra unidade com mais estrutura.
A situação, apesar de estar sob controle, reacende os holofotes sobre o estado de saúde do ex-presidente, e deverá influenciar diretamente as discussões políticas dos próximos dias, inclusive dentro do próprio partido, que avalia caminhos alternativos diante de um eventual afastamento prolongado de sua principal liderança.
Enquanto isso, o país aguarda por mais atualizações. E Bolsonaro, mesmo longe dos palanques, segue no centro das atenções.