Cirurgia de Bolsonaro: Médico Alerta Que Quadro Não Está 100% Resolvido e Aderências Devem Retornar

Iconic News

 


O estado de saúde do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou aos holofotes após uma cirurgia de 12 horas realizada neste domingo (13/4), no Hospital DF Star, em Brasília. Apesar da longa e delicada intervenção, o médico responsável pela equipe cirúrgica, Claudio Birolini, afirmou em entrevista coletiva nesta segunda-feira (14/4) que o problema de Bolsonaro “não está 100% resolvido”. A declaração reforça a complexidade do quadro clínico do ex-presidente, que ainda inspira cuidados.


A operação teve como objetivo principal a liberação de aderências intestinais e a reconstrução da parede abdominal — áreas que vêm sendo fonte constante de complicações desde o atentado com faca sofrido por Bolsonaro em 2018. Apesar do êxito técnico da cirurgia, Birolini destacou que novas aderências irão se formar inevitavelmente, o que pode afetar a recuperação do paciente.


Cirurgia de 12 Horas: Um Procedimento de Alta Complexidade


A intervenção cirúrgica começou por volta das 10h da manhã de domingo e durou até o início da noite. Foram necessárias horas de trabalho para lidar com o que os médicos chamaram de um “abdômen hostil”, expressão usada na medicina para se referir a cavidades abdominais com múltiplas cicatrizações, inflamações ou cirurgias anteriores.


Claudio Birolini ressaltou que, mesmo com todo o cuidado na liberação das aderências, a formação de novas estruturas fibrosas é praticamente certa. Isso acontece porque, após cada cirurgia abdominal, o corpo tende a reagir com cicatrizes internas que conectam órgãos e tecidos de forma anormal. Essas formações são chamadas de aderências bridas.


“Essas aderências vão se formar, isso aí é inevitável. Um paciente que tem um abdômen hostil, por mais que você solte tudo, essas aderências vão se formar”, explicou Birolini durante a coletiva.


Entenda o Que São Aderências Bridas e Seus Riscos


Aderências bridas são faixas de tecido cicatricial que se formam após cirurgias ou inflamações abdominais. Elas podem unir partes do intestino ou até mesmo conectar órgãos diferentes que, em condições normais, não deveriam estar juntos. Essa condição pode causar dores abdominais, obstruções intestinais e outros sintomas graves, exigindo muitas vezes intervenções cirúrgicas sucessivas.


No caso de Jair Bolsonaro, essas aderências são consequência direta das múltiplas cirurgias realizadas desde o atentado de 2018. Segundo os médicos, a parede abdominal do ex-presidente está “bastante danificada”, o que dificulta qualquer tentativa de correção definitiva.


Recuperação Lenta e Monitoramento Contínuo


O pós-operatório imediato requer atenção redobrada. Segundo Birolini, a equipe médica não pretende acelerar o processo de recuperação, justamente para evitar novas complicações.


“No pós-operatório imediato, essas aderências vão se formar, e isso faz com que a recuperação, nesses próximos dias, seja um pouquinho mais lenta”, disse o médico.


Apesar da complexidade, o cardiologista Leandro Echenique, que também integra a equipe médica, foi mais otimista ao afirmar que o resultado da cirurgia foi “excelente”. “Tinha muita aderência no intestino, mas conseguimos liberar tudo com sucesso. Não houve complicações, e todas as medidas preventivas estão sendo tomadas”, assegurou.


Segundo Echenique, Bolsonaro está acordado, consciente e até bem-humorado. “Já fez uma piadinha ali”, comentou, em tom descontraído, sinalizando um leve alívio frente à tensão que a cirurgia causou nos apoiadores e familiares do ex-presidente.


Internação Após Quadro de Subobstrução Intestinal


Bolsonaro foi internado inicialmente em Natal (RN), na sexta-feira (11/4), após passar mal durante compromissos políticos no interior do estado. De helicóptero, ele foi transferido às pressas para a capital potiguar com queixas de dores intensas. O diagnóstico inicial foi de subobstrução intestinal — uma condição em que o trânsito de alimentos pelo intestino é parcialmente bloqueado, frequentemente causada por aderências internas.


A gravidade do quadro fez com que os médicos optassem por transferi-lo para Brasília, onde o procedimento foi realizado. Birolini, que é médico pessoal de Bolsonaro, chegou a afirmar que esta foi a pior crise enfrentada pelo ex-presidente desde o atentado de 2018. “Apesar de não ter acompanhado presencialmente todas as outras, posso dizer que esta foi a mais complicada desde a facada”, declarou.


Futuro Incerto e Novas Cirurgias Não Estão Descartadas


Mesmo após o sucesso da cirurgia, o futuro clínico de Jair Bolsonaro ainda é cercado de incertezas. O médico-chefe deixou claro que a possibilidade de novas intervenções não está descartada. “Cada caso será avaliado individualmente. A depender da evolução, poderemos ter que agir novamente”, afirmou.


A própria natureza das aderências bridas torna essa possibilidade real. Elas não apenas reaparecem com frequência, mas podem provocar crises súbitas, como a que levou à internação recente. Portanto, é essencial que Bolsonaro siga sob monitoramento rigoroso, com acompanhamento contínuo de especialistas.


Impactos Políticos e Pessoais da Recuperação


Do ponto de vista político, o estado de saúde do ex-presidente tem implicações diretas sobre sua agenda pública. Mesmo sem mandato, Bolsonaro continua sendo uma das figuras mais influentes da direita brasileira, participando de eventos, reuniões e manifestações com frequência. A necessidade de repouso e o risco de novas complicações podem limitar sua mobilidade e presença em atos públicos nos próximos meses.


Por outro lado, os apoiadores seguem atentos e mobilizados. Nas redes sociais, mensagens de apoio e pedidos de oração se multiplicaram desde a internação. Muitos veem na luta de Bolsonaro pela recuperação uma espécie de continuação simbólica da batalha que começou com o atentado em 2018.


Cuidados e Perspectivas: O Que Esperar nos Próximos Dias


A expectativa é que Bolsonaro permaneça internado por pelo menos mais alguns dias. A equipe médica ainda não divulgou um prazo para alta, preferindo adotar uma abordagem mais cautelosa. Nos próximos dias, o foco estará na evolução do quadro inflamatório e na resposta do organismo ao procedimento cirúrgico.


Os profissionais envolvidos garantem que todas as medidas preventivas estão sendo adotadas para minimizar os riscos de complicações futuras. No entanto, o alerta está dado: o problema não está 100% resolvido, e novos desafios médicos podem surgir a qualquer momento.


Enquanto isso, o ex-presidente segue em recuperação, acompanhado de perto por sua equipe de saúde e por milhões de brasileiros que acompanham cada passo de sua jornada, marcada por episódios de superação e controvérsia.




Tags

#buttons=(Aceitar !) #days=(20)

Nosso site usa cookies para melhorar sua experiência. Saiba mais
Accept !