Bolsonaro desafia o STF e convoca multidão na Paulista por anistia aos “patriotas” do 8 de Janeiro

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Bolsonaro aposta em São Paulo para recuperar força política


Após a baixa adesão no ato de Copacabana, Jair Bolsonaro volta ao centro das atenções neste domingo (6), convocando apoiadores para uma nova manifestação em São Paulo. A expectativa da equipe do ex-presidente é de que a Avenida Paulista se transforme em um palco de reafirmação de força política, com uma pauta única: a aprovação da anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. Mais do que apenas pressionar o Congresso, Bolsonaro pretende mostrar que ainda tem poder de mobilização suficiente para influenciar os rumos do debate político no país.


O ex-presidente, que recentemente se tornou réu por suspeita de articulação golpista, aposta em uma imagem de líder popular perseguido pelas instituições. E São Paulo, com sua população numerosa e simbologia política, foi escolhida para este reencontro com as massas. Ao contrário do Rio de Janeiro, onde o evento foi marcado por desorganização e falta de engajamento, a Paulista oferece estrutura, visibilidade e história.


Aliados próximos, como o pastor Silas Malafaia, garantem que o evento terá uma magnitude superior ao de Copacabana. A presença confirmada de sete governadores, incluindo Tarcísio de Freitas (SP), Cláudio Castro (RJ) e Romeu Zema (MG), reforça o caráter institucional da manifestação. Para os organizadores, quanto maior o número de autoridades no palanque, maior será a pressão exercida sobre os parlamentares.


Pauta única da anistia mobiliza aliados e governadores


A principal aposta do bolsonarismo para garantir o sucesso do evento é a simplicidade da pauta. Ao concentrar o discurso em torno da anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro, a mobilização ganhou foco e coesão. Nas últimas semanas, Bolsonaro e seus aliados deixaram de lado mensagens difusas como “Fora Lula” ou “Intervenção já”, apostando em uma demanda específica e concreta.


Nas redes sociais, a campanha foi intensificada com o uso do símbolo do batom como forma de convocar a participação feminina. A estratégia busca dar um novo tom ao movimento, aproximando-o de uma linguagem mais emocional e simbólica. O apelo à emoção, somado à narrativa de injustiça e perseguição, tem se mostrado eficiente entre os apoiadores mais fiéis.


A presença de governadores também foi trabalhada com afinco. Bolsonaro atuou pessoalmente para garantir a vinda de nomes de peso. O governador do Paraná, Ratinho Júnior, confirmou participação após encontro com o ex-presidente. Já Ronaldo Caiado, de Goiás, que recentemente lançou sua pré-candidatura à Presidência, foi pressionado até o último momento a não perder a visibilidade que o evento pode proporcionar.


O pastor Silas Malafaia, um dos principais articuladores do ato, destacou que não há, desde 2015, uma manifestação com tantos governadores presentes. Para ele, a união de lideranças estaduais em torno da anistia mostra que o tema transcende rivalidades eleitorais e reforça o apelo político da causa.


Ato na Paulista é visto como teste de fogo para o bolsonarismo


Especialistas e analistas políticos estão atentos ao ato deste domingo. Para o professor Pablo Ortellado, da Universidade de São Paulo, a manifestação servirá como um termômetro preciso da capacidade de mobilização do campo bolsonarista. Após o esvaziamento em Copacabana, surgiram dúvidas sobre o real poder de convocação de Bolsonaro. No entanto, Ortellado ressalta que oscilações são normais em qualquer movimento político.


O professor aponta que a mudança de tom e a melhor organização em São Paulo podem resultar em um público significativamente maior. Estimativas conservadoras apontam para algo entre 40 mil e 60 mil pessoas, número que seria considerado expressivo mesmo diante da polarização política atual. A concentração de forças em uma única pauta e o tempo seco devem colaborar para isso.


Além disso, o tema da anistia vem ganhando força nas redes sociais. Entre os grupos bolsonaristas, é a principal demanda nos últimos meses. Mais do que a defesa do ex-presidente, trata-se da proteção de apoiadores que foram presos ou processados por participarem das manifestações de 8 de Janeiro. Para muitos, trata-se de uma questão de justiça e liberdade de expressão.


Se o ato alcançar a projeção esperada, Bolsonaro pode recuperar parte do protagonismo que pareceu ameaçado após as denúncias recentes. E mais do que isso: pode demonstrar que ainda tem peso para influenciar votações no Congresso, especialmente em temas que afetam diretamente sua base.


Enquanto opositores acusam Bolsonaro de tentar deslegitimar as instituições democráticas, ele segue apostando na força das ruas. A manifestação na Paulista é um momento decisivo, tanto para ele quanto para o movimento que ajudou a construir. O sucesso ou fracasso do ato pode ditar os rumos do bolsonarismo nos próximos anos e influenciar diretamente o cenário político de 2026.


Para seus seguidores, este domingo representa um grito de resistência. Para os críticos, é uma afronta à democracia. Mas uma coisa é certa: todos os olhos estarão voltados para a Avenida Paulista. E, ali, Bolsonaro saberá se ainda consegue arrastar multidões ou se está, de fato, perdendo seu capital político.


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