Arthur Lira evita assinar urgência do PL da Anistia, mas sinaliza apoio nos bastidores

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Lira rejeita urgência, mas mantém apoio velado ao projeto

O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), recusou-se a assinar o requerimento de urgência do Projeto de Lei que concede anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. A decisão foi tomada mesmo após um apelo direto do líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), que está à frente da articulação da proposta.

Segundo informações de bastidores, a recusa de Lira não causou desconforto entre os parlamentares bolsonaristas, que enxergam o gesto como parte de uma estratégia. Isso porque Lira teria garantido que votará favoravelmente ao mérito da proposta quando ela for, de fato, levada à votação no plenário. Ou seja, ele não assinou a urgência, mas também não se posicionou contra o conteúdo do projeto.

A ligação entre Cavalcante e Lira ocorreu na segunda-feira (14/4), horas antes de o requerimento ser protocolado. Na conversa, Cavalcante fez um último esforço para convencer Lira a apoiar a tramitação acelerada do texto, mas o deputado alagoano manteve sua posição firme de não assinar. A ausência do nome de Lira entre os 264 parlamentares que assinaram o requerimento foi notada, mas não interpretada como sinal de oposição ao projeto.

Partido Progressistas lidera adesão à urgência da anistia

Mesmo sem o aval público de seu líder mais influente, o partido de Lira, o PP (Progressistas), foi o que mais contribuiu proporcionalmente com assinaturas para o requerimento de urgência entre os partidos da base do governo Lula. Dos 48 deputados da bancada, 35 assinaram o documento, o que representa impressionantes 72,92% de adesão.

Entre os nomes de destaque que apoiaram a proposta estão o líder do partido na Câmara, Dr. Luizinho (PP-RJ), e o segundo-secretário da Câmara, Lula da Fonte (PP-PE). O movimento coletivo dentro do partido reforça que a postura de Lira é mais simbólica do que representativa da base que o cerca.

Vale lembrar que o PP atualmente comanda o Ministério do Esporte, sob gestão do deputado licenciado André Fufuca (PP-MA). Apesar dessa conexão com o governo federal, o partido se declara “independente” no Congresso. Isso tem permitido que seus parlamentares tomem decisões de forma mais autônoma, mesmo quando essas decisões colidem com os interesses do Palácio do Planalto.

A postura do PP, com apoio quase unânime à anistia, expõe uma fragilidade na coalizão de Lula e levanta questionamentos sobre a efetividade do apoio do centrão ao governo em temas de alta sensibilidade institucional.

Neutralidade calculada de Lira protege sua imagem política

Arthur Lira, mesmo fora da presidência da Câmara desde fevereiro, continua sendo uma das figuras mais influentes do Congresso. Atualmente, ele é o relator da reforma do imposto de renda, projeto considerado prioritário pela equipe econômica do presidente Lula. Isso coloca Lira em posição estratégica para negociar interesses de diferentes blocos parlamentares e manter-se no centro das decisões.

Sua recusa em apoiar abertamente a urgência da anistia pode ser interpretada como uma manobra política para preservar sua imagem institucional. Ao não assinar o requerimento, Lira evita se comprometer diretamente com uma pauta que ainda provoca forte polarização social e jurídica, especialmente em relação às decisões do Supremo Tribunal Federal (STF).

Nos bastidores, aliados indicam que Lira pretende votar a favor do projeto, caso ele avance, mas prefere manter uma postura pública mais neutra neste momento. Isso permite que ele continue transitando com desenvoltura entre diferentes campos políticos — do governo à oposição — sem se expor aos desgastes que o tema da anistia pode provocar junto ao eleitorado ou à opinião pública.

O movimento de Lira é visto como um exemplo clássico de equilíbrio político em tempos de tensão institucional, onde lideranças tentam manter o apoio de suas bases sem romper com estruturas de poder maiores. No xadrez político de Brasília, cada assinatura pesa — mas cada ausência também carrega um recado.





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