O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo Tribunal Federal (STF) se tornou um dos assuntos mais comentados no cenário político brasileiro. Após a marcação da data para a análise do caso, Bolsonaro se manifestou pela primeira vez, criticando a velocidade incomum com que o processo avançou. Em entrevista ao podcast “Flow”, o ex-mandatário fez comparações com outros julgamentos históricos e sugeriu que há uma tentativa de tirá-lo da disputa presidencial de 2026.
A polêmica sobre a tramitação do caso levanta questionamentos sobre a imparcialidade do processo, dividindo opiniões entre aliados e opositores do ex-presidente. Enquanto setores jurídicos defendem a celeridade como uma forma de garantir a justiça, apoiadores de Bolsonaro denunciam uma suposta perseguição política.
Bolsonaro critica rapidez do julgamento e compara com outros casos
Durante a entrevista, Bolsonaro expressou indignação com o prazo que sua defesa teve para apresentar os argumentos. Ele apontou que a Polícia Federal (PF) investigou o caso por mais de dois anos, enquanto sua equipe jurídica recebeu apenas 15 dias para se manifestar—um período que incluiu o feriado de Carnaval.
“Deram 15 dias para as razões de defesa, incluindo Carnaval. Tem mais de cem mil páginas”, declarou o ex-presidente, sugerindo que o curto prazo compromete a análise completa dos autos.
Bolsonaro também relembrou casos emblemáticos como o Mensalão, que levou sete anos para ser julgado, e a Operação Lava Jato, que resultou na prisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo ele, a velocidade com que seu julgamento foi marcado indica um “critério seletivo” dentro do Judiciário.
Ele também comparou a condução do seu caso com o de Lula, ressaltando que o petista foi julgado na 13ª Vara de Curitiba e, recentemente, o STF modificou entendimentos sobre a competência para tais processos. Para Bolsonaro, isso reforça a tese de que sua situação está sendo tratada com parcialidade.
STF marca julgamento e Bolsonaro reage nas redes sociais
A decisão do ministro Alexandre de Moraes de liberar a denúncia para julgamento causou grande repercussão. Horas após essa liberação, o presidente da Primeira Turma do STF, ministro Cristiano Zanin, agendou a análise para os dias 25 e 26 de março.
A rapidez no andamento do caso levou Bolsonaro a ironizar a situação em suas redes sociais. No X (antigo Twitter), ele publicou:
“Parece que o devido processo legal, por aqui, funciona na velocidade da luz. Mas só quando o alvo está em primeiro lugar em todas as pesquisas de intenção de voto para Presidente da República nas eleições de 2026.”
A postagem gerou milhares de interações, reacendendo o debate sobre a atuação do STF e a possibilidade de Bolsonaro ser afastado da corrida eleitoral. Para aliados do ex-presidente, há uma tentativa clara de impedir sua candidatura, utilizando o Judiciário como ferramenta política. Já adversários sustentam que a celeridade no julgamento reflete a gravidade das acusações contra ele.
O impacto político do julgamento e o que pode acontecer
A tramitação acelerada do caso levanta dúvidas sobre seus desdobramentos. Nos bastidores, aliados de Bolsonaro articulam estratégias para adiar a análise da denúncia, alegando cerceamento de defesa. Especialistas apontam que há possibilidades de recursos e manobras jurídicas para prolongar o julgamento, o que pode influenciar diretamente no cenário eleitoral de 2026.
Se condenado, Bolsonaro pode ser impedido de concorrer à presidência, o que reconfiguraria completamente o jogo político. No entanto, caso consiga reverter a situação, o ex-presidente tende a fortalecer ainda mais sua base eleitoral, utilizando a narrativa de perseguição política para impulsionar sua campanha.
A decisão final do STF será determinante para o futuro político do país. Enquanto isso, o embate entre Bolsonaro e as instituições continua a alimentar debates acalorados e dividir opiniões em um Brasil cada vez mais polarizado.