Divergência no julgamento pode mudar rumos do caso
O julgamento da denúncia contra Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) ganhou um elemento inesperado com a postura do ministro Luiz Fux. Diferente do relator Alexandre de Moraes, Fux defendeu que o caso fosse levado ao plenário da Corte e não apenas julgado pela Primeira Turma, onde a tendência de unanimidade seria maior. Essa posição ameaça a estratégia montada por Moraes, que trabalhou para manter o julgamento restrito ao colegiado menor. A divergência se tornou evidente já na análise das questões preliminares apresentadas pelas defesas, quando Fux abriu uma frente de contestação.
Delação premiada de Mauro Cid sob suspeita
Além da questão sobre a competência do julgamento, Fux também expressou ceticismo quanto à delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Segundo o ministro, a quantidade de versões apresentadas pelo colaborador levanta dúvidas sobre a credibilidade do material. “Estamos num momento preambular. Pelo que aqui se observou, esse colaborador certamente vai ser ouvido em juízo. Vejo com muita reserva nove delações de um mesmo colaborador, cada hora apresentando uma novidade”, afirmou. A delação de Cid é uma das peças-chave da acusação contra Bolsonaro e seus aliados, sendo utilizada como base para a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR). A manifestação de Fux gerou reação imediata, já que fragilizar esse depoimento poderia impactar o peso das provas apresentadas.
Aliados de Bolsonaro comemoram postura de Fux
A defesa de Bolsonaro e seus aliados recebeu a posição de Fux com entusiasmo, interpretando-a como um sinal de que o ministro pode votar contra o recebimento da denúncia. Apesar disso, mesmo que Fux se posicione favoravelmente ao ex-presidente, a maioria da Primeira Turma já parece inclinada a aceitar a acusação da PGR. Dentro do próprio grupo de aliados de Bolsonaro, há um reconhecimento de que o desfecho do julgamento já está praticamente definido. O caso continua nesta quarta-feira (26/3), quando os ministros da Primeira Turma irão apresentar seus votos sobre o mérito da denúncia. A decisão pode consolidar um dos momentos mais importantes da história política recente, determinando os próximos passos da responsabilização de Bolsonaro e seus aliados perante a Justiça.