Uma reviravolta inesperada agitou o cenário político brasileiro. O Partido da Causa Operária (PCO), historicamente alinhado à esquerda, surpreendeu ao se posicionar contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, denunciando o que considera uma perseguição política contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. A postura do partido gerou grande repercussão e colocou em xeque as recentes decisões do Judiciário.
O presidente do PCO, Rui Costa Pimenta, foi contundente em sua crítica ao Supremo. Segundo ele, a condução do processo contra Bolsonaro é um exemplo claro de abuso de poder. “O processo contra Bolsonaro é mais um desmando do Judiciário”, afirmou Pimenta, acrescentando que os apoiadores do ex-presidente têm sido alvo de medidas ilegais promovidas pelo STF.
A indignação do partido se intensificou diante das restrições impostas pela Justiça a figuras ligadas ao bolsonarismo. “Prender alguém que fez uma live na internet é ditadura. Proibir de falar sobre as urnas eletrônicas é ditadura. O próprio PT já foi contra as urnas eletrônicas, e nossa posição é clara: defendemos a urna com voto de papel”, declarou Pimenta, enfatizando que o controle sobre a liberdade de expressão no Brasil atingiu níveis alarmantes.
O PCO também questionou a decisão que declarou Bolsonaro inelegível, classificando-a como absurda. Segundo a legenda, o ex-presidente foi punido injustamente por exercer seu direito de questionar o sistema eleitoral. “Bolsonaro foi declarado inelegível porque se reuniu com embaixadores e comentou sobre o sistema eleitoral. Isso é um direito dele. Ele pode falar o que quiser”, argumentou Pimenta. Para o partido, a inelegibilidade de Bolsonaro é uma medida arbitrária que evidencia um viés político nas decisões do Judiciário.
Outro ponto central da crítica do PCO foi a classificação dos eventos de 8 de janeiro como uma tentativa de golpe de Estado. Para Rui Costa Pimenta, a narrativa criada em torno da invasão dos prédios públicos em Brasília é exagerada e sem embasamento. “O 8 de janeiro vai passar para a história do Brasil como um dos debates mais ridículos já promovidos. Chamar aquilo de golpe de Estado é um absurdo”, afirmou.
Além disso, o partido denunciou o que classificou como coerção contra delatores envolvidos nos processos contra Bolsonaro e seus aliados. De acordo com Pimenta, Alexandre de Moraes teria ameaçado um dos delatores para que ele alterasse seu depoimento. “Moraes ameaçou um dos delatores dizendo: ‘Se você não melhorar sua delação, vou investigar seu pai, sua mulher e sua filha’. Isso é abuso de poder!”, denunciou o líder do PCO. A acusação levanta sérias questões sobre os métodos empregados pelo STF nas investigações e reforça a preocupação com o uso da Justiça como ferramenta de perseguição política.
O posicionamento do PCO contra Moraes e as decisões do STF expõe uma fratura dentro da esquerda brasileira. Tradicionalmente crítica ao sistema judiciário, a legenda rompe com o consenso predominante no campo progressista e denuncia o que considera um Estado de exceção no país. A defesa de liberdades individuais e o combate ao autoritarismo judicial são bandeiras que, segundo o partido, devem estar acima de diferenças ideológicas.
A reação da opinião pública ao posicionamento do PCO tem sido intensa. Setores da esquerda mais alinhados ao governo Lula criticaram a postura do partido, enquanto apoiadores de Bolsonaro comemoraram a inusitada aliança em defesa das liberdades democráticas. A situação evidencia o quanto o embate entre STF e bolsonarismo ultrapassou barreiras partidárias e se tornou uma questão de princípios democráticos.
O embate entre o STF e seus críticos deve se aprofundar nos próximos meses, à medida que novas decisões da Corte reforçam a tensão entre o Judiciário e setores políticos de diferentes espectros. A questão que permanece é até que ponto o Supremo pode agir sem prestar contas à sociedade e se o Brasil está caminhando para um cenário em que o autoritarismo judicial se sobrepõe à democracia.