O magnata da tecnologia Elon Musk voltou a agitar o cenário político internacional ao declarar apoio à saída dos Estados Unidos da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e da ONU (Organização das Nações Unidas). Em uma postagem no X, no sábado, Musk compartilhou a sugestão do usuário @GuntherEagleman, que defendia a retirada do país dessas organizações internacionais, e acrescentou um simples, mas contundente: “Eu concordo”.
A declaração do bilionário ocorre em um momento delicado para as relações transatlânticas, especialmente diante dos questionamentos recentes do presidente dos Estados Unidos sobre o custo da manutenção da aliança militar. As palavras de Musk rapidamente ganharam repercussão e dividiram opiniões entre analistas políticos, lideranças internacionais e a opinião pública.
A declaração de Musk coincidiu com um evento diplomático de grande relevância. No mesmo dia, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, reuniu-se em Londres com 14 líderes europeus e o premiê do Canadá para discutir o futuro da defesa europeia e os desdobramentos da guerra na Ucrânia. O encontro reforça a preocupação da Europa em garantir sua segurança em meio às incertezas sobre o compromisso americano com a Otan.
A posição do empresário não veio isoladamente. Seu posicionamento ocorre logo após declarações de Kaja Kallas, alta representante europeia para a diplomacia e segurança, que afirmou que o Ocidente precisa redefinir sua estratégia e fortalecer a cooperação militar para enfrentar desafios globais. O envolvimento de Musk nesse debate sinaliza que a discussão sobre a permanência dos EUA em organismos internacionais está longe de ser meramente institucional, ganhando cada vez mais dimensão política e midiática.
A Otan foi fundada em 1949 com o objetivo de garantir a defesa coletiva dos países-membros, tendo os Estados Unidos como um dos principais financiadores e protagonistas na aliança. Nos últimos anos, vários líderes norte-americanos questionaram o fardo financeiro imposto ao país, especialmente sob a administração de Donald Trump, que chegou a ameaçar abandonar a organização caso os aliados europeus não aumentassem seus investimentos na defesa.
As Nações Unidas também vêm sendo alvo de críticas, particularmente por aqueles que consideram a entidade ineficaz na resolução de conflitos globais e burocrática em suas decisões. Musk, ao se posicionar contra a ONU, alinha-se a um discurso que vem ganhando força entre setores conservadores nos EUA, que defendem uma atuação mais independente do país em assuntos internacionais.
A declaração do bilionário provocou reações imediatas de políticos e especialistas. Enquanto alguns veem suas palavras como uma tentativa de influenciar a opinião pública e reforçar um discurso nacionalista, outros alertam para os riscos de um enfraquecimento das alianças históricas dos Estados Unidos. Para analistas militares, a saída da Otan poderia comprometer a segurança global e colocar em risco a estabilidade da Europa frente a ameaças externas.
A influência de Musk no debate público é inegável. Como dono de empresas estratégicas como a SpaceX e a Tesla, além do próprio X (antigo Twitter), suas opiniões repercutem amplamente e têm potencial para influenciar decisões políticas e econômicas. Seu envolvimento em questões internacionais tem sido frequente, como demonstrado em sua participação nos debates sobre a guerra na Ucrânia e no fornecimento do sistema de internet via satélite Starlink para regiões em conflito.
Para os aliados dos Estados Unidos, as palavras de Musk adicionam um novo elemento de incerteza ao futuro da cooperação militar e diplomática global. Caso a ideia de se retirar da Otan e da ONU ganhe força dentro do governo, as implicações podem ser profundas, alterando o equilíbrio de poder no tabuleiro geopolítico e forçando os aliados a buscarem novas estratégias de defesa e diplomacia.
Nos próximos dias, espera-se que a declaração de Musk continue a gerar discussões e possíveis reações de autoridades governamentais. A posição da Casa Branca sobre o tema ainda não foi oficialmente divulgada, mas a tendência é que o debate sobre a relevância das alianças internacionais ganhe ainda mais espaço na política externa dos EUA. O impacto real das palavras do empresário, no entanto, dependerá da disposição do governo e do Congresso em levar adiante qualquer mudança radical na política externa americana.