O mercado financeiro brasileiro encerrou esta sexta-feira com fortes oscilações, refletindo os impactos de declarações políticas e tensões no comércio internacional. O dólar registrou uma alta de 0,57%, atingindo R$ 5,79, revertendo a tendência de queda que marcou os primeiros dias da semana. A Bolsa de Valores, por sua vez, seguiu em sentido oposto, com forte valorização impulsionada pelo desempenho positivo de grandes empresas e pelo cenário econômico global.
Ao longo da semana, a moeda americana vinha operando com relativa estabilidade, após uma expressiva queda de 2,71% na Quarta-Feira de Cinzas e um leve avanço de 0,02% no dia anterior. No entanto, nesta sexta-feira, a tendência mudou, especialmente após declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que geraram incertezas no mercado. Lula afirmou que poderia tomar medidas drásticas caso os preços dos alimentos continuassem subindo, o que foi interpretado como uma possibilidade de interferência nas políticas econômicas e fiscais do país.
O impacto das falas do presidente se refletiu diretamente no câmbio, levando a um aumento mais acentuado do dólar durante a tarde, chegando a uma alta momentânea de 0,70%. Para analistas do mercado, esse tipo de declaração gera preocupação entre investidores, pois pode indicar medidas que comprometam o equilíbrio das contas públicas.
Outro fator que influenciou a volatilidade do dólar foi o panorama internacional, especialmente as incertezas em relação às tarifas comerciais dos Estados Unidos. O ex-presidente e atual candidato Donald Trump voltou a ameaçar a imposição de novas tarifas sobre importações de países como México, Canadá e China. Embora as medidas ainda não tenham sido efetivamente implementadas, a possibilidade de maiores restrições comerciais gera apreensão nos mercados emergentes, incluindo o Brasil.
Apesar da alta do dólar, a Bolsa de Valores brasileira manteve um desempenho positivo. O índice Ibovespa registrou uma alta de 1,70% ao final do pregão, chegando a avançar quase 2% ao longo da tarde. Os principais destaques foram as ações de grandes companhias como Petrobras e Vale, que subiram 1,70% e 1,92%, respectivamente. Os bancos também tiveram ganhos significativos, com destaque para o Santander, que avançou 2,92%, e o Bradesco, que subiu 1,79%.
Especialistas atribuem a valorização do mercado acionário à divulgação de dados econômicos dos Estados Unidos, que indicaram a criação de 151 mil empregos em fevereiro, abaixo da expectativa de 160 mil. Além disso, a taxa de desemprego norte-americana subiu de 4% para 4,1%. Esses indicadores reforçam a percepção de que a economia dos EUA pode estar desacelerando, o que pode levar o Federal Reserve a reduzir as taxas de juros no futuro próximo.
No Brasil, o Produto Interno Bruto (PIB) também teve crescimento abaixo das expectativas, registrando alta de apenas 0,2% no quarto trimestre de 2024, metade do que o mercado esperava. Essa desaceleração pode ser interpretada como um efeito das taxas de juros elevadas, que freiam o consumo e os investimentos. Por outro lado, também reforça a esperança de que o Banco Central possa reduzir a Selic nos próximos meses para estimular a economia.
Outro fator determinante para a alta da Bolsa foi a valorização das commodities. O preço do petróleo teve uma alta significativa no mercado internacional, beneficiando empresas como Petrobras. Além disso, o avanço de outras matérias-primas impulsionou a valorização de ações ligadas ao setor de mineração e energia, consolidando um movimento positivo para o índice Ibovespa.
No curto prazo, o cenário econômico segue volátil, com investidores atentos tanto às políticas internas quanto às decisões externas. A oscilação do dólar reflete não apenas a dinâmica doméstica, mas também os impactos de medidas protecionistas no comércio global e as expectativas em relação aos juros americanos. Ao mesmo tempo, o mercado acionário brasileiro demonstra resiliência, impulsionado pela valorização das commodities e pela esperança de que um ambiente de juros mais baixos possa estimular novos investimentos.
Diante desse panorama, os próximos dias serão decisivos para determinar o rumo do dólar e da Bolsa de Valores no Brasil. O comportamento do Federal Reserve, novas declarações do governo brasileiro e o desenrolar das políticas comerciais dos Estados Unidos continuarão sendo fatores-chave para os movimentos do mercado financeiro. Investidores devem permanecer atentos a esses desdobramentos, buscando oportunidades e avaliando riscos em um cenário cada vez mais dinâmico e imprevisível.