O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitou mais um pedido da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro para suspender o prazo de resposta à denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). A decisão mantém o curso do processo e reforça a posição do STF de que não há qualquer impedimento para a defesa acessar os autos.
O pedido dos advogados de Bolsonaro, que alegavam não ter acesso completo aos documentos mencionados na denúncia, foi negado de forma categórica por Moraes. Ele ressaltou que todo o material probatório está devidamente anexado à Petição 12.100, tornando injustificável a reclamação da defesa. Para o ministro, não há razão para conceder novo prazo, uma vez que os advogados já possuem ampla possibilidade de analisar as provas que sustentam a acusação.
O caso envolve Bolsonaro, o general Walter Braga Netto e outras 32 pessoas denunciadas por tentativa de golpe de Estado. A defesa do ex-presidente solicitou inicialmente 83 dias para apresentar sua resposta, prazo esse que já havia sido recusado anteriormente. Com a nova negativa, o cronograma processual segue sem alterações.
Na tarde da última quarta-feira (26/2), os advogados de Bolsonaro e Braga Netto compareceram ao STF para reuniões com ministros da Corte. José Luís de Oliveira, advogado de Braga Netto, buscou reforçar, em audiência com o ministro Cristiano Zanin, a necessidade de um julgamento justo e transparente. Segundo ele, a defesa não teve acesso completo a todas as provas referenciadas pelo Ministério Público na denúncia.
Ao deixar o STF, Oliveira afirmou que a falta de acesso integral às provas compromete a lisura do julgamento. Ele destacou que o direito de defesa deve ser preservado, especialmente em um processo dessa magnitude, envolvendo um ex-presidente e um general quatro estrelas. Qualquer irregularidade nesse aspecto, segundo ele, poderia comprometer toda a credibilidade do julgamento.
A decisão de Moraes é mais um episódio de embates entre a defesa de Bolsonaro e a Suprema Corte. Desde o início das investigações, a defesa do ex-presidente tem questionado a condução do processo e buscado suspender prazos ou adiar procedimentos. No entanto, o STF tem mantido uma postura firme, negando reiteradamente os pedidos que considera infundados.
Com a nova negativa, a defesa de Bolsonaro e Braga Netto terá que apresentar sua resposta dentro do prazo estabelecido, sob risco de enfrentar sanções processuais caso descumpra a determinação. O julgamento do caso segue sendo acompanhado de perto, tanto por apoiadores do ex-presidente quanto por críticos que veem na ação um passo fundamental para a responsabilização dos envolvidos na tentativa de golpe.
Enquanto isso, o cenário político continua em ebulição. A decisão do STF acirra ainda mais os ânimos entre os apoiadores de Bolsonaro e os ministros da Corte, com repercussões que podem se estender para além do âmbito jurídico. A expectativa agora é sobre os próximos passos da defesa e como o STF continuará lidando com as tentativas de protelação do julgamento.
