Plano Golpista: Depoimento de Mauro Cid Revela Bastidores de Tentativa de Intervenção

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O depoimento de Mauro Cid à Polícia Federal trouxe à tona novos e explosivos detalhes sobre a tentativa de golpe de Estado articulada nos bastidores do governo Bolsonaro após as eleições de 2022. O então ajudante de ordens do ex-presidente descreveu reuniões secretas, documentos alterados e a divisão dentro das Forças Armadas sobre a execução de um plano que incluía a prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal e a convocação de novas eleições. As revelações acrescentam elementos cruciais à investigação e reforçam o cerco judicial ao ex-presidente e seus aliados mais próximos.

De acordo com Cid, o plano foi elaborado por um grupo de radicais e apresentado a Bolsonaro no Palácio da Alvorada em novembro de 2022, quando o então presidente já buscava meios de reverter o resultado eleitoral. O documento continha diretrizes para uma intervenção direta no STF, com a prisão de Alexandre de Moraes e outros ministros, além da destituição de figuras políticas contrárias ao governo, incluindo o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. A ideia central era instaurar um regime de exceção sob o pretexto de fraudes eleitorais, mesmo sem qualquer prova concreta que sustentasse essa tese.

Cid afirmou que Bolsonaro não apenas leu o documento, mas fez alterações no texto original, mantendo exclusivamente a ordem para a prisão de Moraes e a convocação de um novo pleito. Após revisar o material, o ex-presidente convocou os três comandantes das Forças Armadas para discutir a viabilidade da operação. Foi nesse momento que divergências internas emergiram, comprometendo a execução do plano.

O almirante Almir Garnier, então comandante da Marinha, demonstrou apoio à ideia e teria garantido que sua força estava pronta para agir. No entanto, os comandantes do Exército e da Aeronáutica se recusaram a aderir ao plano, argumentando que uma intervenção desse porte poderia provocar uma reação institucional e social incontrolável. O impasse foi decisivo para a frustração do golpe, pois sem a unidade das Forças Armadas, a tentativa de ruptura institucional tornou-se inviável.

As informações fornecidas por Cid corroboram com outros indícios levantados pela Polícia Federal e fortalecem a tese de que o ex-presidente não apenas cogitou, mas ativamente trabalhou na possibilidade de um golpe de Estado. O envolvimento de figuras de sua confiança, como Felipe Martins, ex-assessor especial da Presidência, e a participação direta de um jurista na formulação do plano, indicam uma estrutura organizada para a implantação da medida.

A investigação também aponta que Bolsonaro buscou respaldo político para a ação. Nos dias que antecederam a apresentação da proposta, ele se reuniu com aliados no Congresso e ministros do governo, sondando opiniões sobre a possibilidade de questionar o resultado das urnas. Ao perceber a resistência dentro das instituições, optou por não seguir adiante, mas manteve o discurso de fraudes eleitorais como forma de mobilização popular.

O relato de Cid traz implicações graves para Bolsonaro, que já enfrenta outras ações na Justiça e está inelegível até 2030. Se a investigação resultar em uma denúncia formal e posterior condenação, o ex-presidente pode enfrentar sanções ainda mais severas, incluindo a impossibilidade de disputar cargos eletivos por um período prolongado ou até mesmo pena de prisão.

A defesa do ex-presidente negou as acusações e classificou a investigação como uma tentativa de criminalizar um governo que sempre respeitou a Constituição. Em nota oficial, os advogados de Bolsonaro afirmaram que "jamais houve qualquer iniciativa ou intenção de desrespeitar o Estado Democrático de Direito" e que confiam na Justiça para reverter qualquer acusação infundada.

A repercussão política das declarações de Cid é imediata. Setores da oposição veem as revelações como um divisor de águas para o futuro do bolsonarismo, enquanto aliados do ex-presidente tentam minimizar os danos e buscam alternativas para mantê-lo ativo na cena política. No Congresso, parlamentares ligados a Bolsonaro articulam medidas para garantir anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos e estudam alterações na Lei da Ficha Limpa, o que poderia abrir caminho para a candidatura do ex-presidente em 2026.

A investigação ainda está em curso, e novos desdobramentos são esperados. A expectativa é que a Polícia Federal continue ouvindo depoimentos e coletando provas que possam corroborar ou refutar as alegações de Cid. Independentemente do desfecho, o caso se soma às inúmeras questões judiciais que pairam sobre Bolsonaro e deve manter o ex-presidente sob os holofotes por um longo período. A possibilidade de um julgamento no Supremo Tribunal Federal coloca mais um elemento de tensão no cenário político e reforça o impacto das investigações na disputa presidencial de 2026.

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