A recente divulgação da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid trouxe novas revelações sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, retirou o sigilo do acordo, permitindo o acesso às informações fornecidas pelo ex-ajudante de ordens. Segundo Cid, Bolsonaro teria ordenado a falsificação dos cartões de vacinação contra a Covid-19 dele e de sua filha, Laura Bolsonaro.
O relato de Cid detalha como a inserção dos dados falsos teria sido feita nos sistemas do Ministério da Saúde. Além disso, certificados de vacinação teriam sido gerados e entregues pessoalmente ao ex-presidente. O esquema teria contado com a participação de outros investigados, incluindo Max Guilherme, Sérgio Cordeiro e Ailton Barros. O objetivo seria driblar as restrições sanitárias e permitir viagens internacionais sem a necessidade de comprovar a imunização.
O desdobramento ocorre em meio a outras investigações que envolvem Bolsonaro. A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou uma denúncia contra o ex-presidente e mais 33 pessoas por incitação a um golpe de Estado. O inquérito da Polícia Federal, que embasa a denúncia, possui mais de 800 páginas e revela indícios de um planejamento estruturado para impedir a posse do presidente eleito em 2022.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, sustenta que Bolsonaro atuou como líder de uma organização criminosa que tentou manter-se no poder de forma ilegal. Segundo as investigações, ele teria incentivado ataques ao sistema eleitoral, disseminado desinformação e coordenado atos antidemocráticos. As tentativas de golpe só não teriam sido concretizadas devido à resistência de militares de alta patente, como o tenente-brigadeiro Baptista Junior e o general Freire Gomes, que se recusaram a aderir ao plano.
A revelação sobre a falsificação de dados de vacinação adiciona mais um capítulo às investigações contra Bolsonaro. Durante seu governo, ele adotou postura contrária à vacinação e frequentemente minimizou os efeitos da pandemia. A inclusão de informações falsas no sistema oficial poderia configurar crimes como falsidade ideológica e inserção de dados fraudulentos em sistema público.
As próximas etapas do processo podem levar ao aprofundamento das investigações e a eventuais novas denúncias. A retirada do sigilo da delação pode trazer novos desdobramentos e envolver mais pessoas no caso. Enquanto isso, Bolsonaro e seus aliados negam as acusações e classificam as investigações como perseguição política. O desenrolar das apurações e eventuais desdobramentos jurídicos devem permanecer sob intensa atenção da sociedade e das autoridades.