PL e Centrão Articulam Mudança na Ficha Limpa para Reabilitar Bolsonaro

Iconic News


A movimentação política para a eleição de 2026 tem ganhado novos contornos com a articulação de deputados do Partido Liberal e o apoio de membros do Centrão para modificar a Lei da Ficha Limpa. O objetivo dessa estratégia é permitir que Jair Bolsonaro possa disputar novamente a presidência, após ter sido condenado à inelegibilidade pelo Tribunal Superior Eleitoral em duas ações distintas. Caso essa proposta avance no Congresso, o ex-presidente poderia retornar à cena eleitoral antes de 2030, o que geraria um impacto significativo no cenário político nacional.


O projeto central dessa articulação foi apresentado pelo deputado federal Bibo Nunes e propõe reduzir de oito para dois anos o período de inelegibilidade em condenações por abuso de poder político ou econômico. Se aprovado, Bolsonaro, que atualmente está impedido de concorrer a qualquer cargo eletivo até 2030, poderia disputar a presidência já em 2026. Essa proposta já está sendo debatida nos bastidores e encontra apoio entre parlamentares alinhados ao ex-presidente.


A estratégia foi discutida no último sábado, dia 1º de fevereiro, em Brasília, durante uma reunião entre membros do Partido Liberal e Bolsonaro. O encontro ocorreu em um momento crucial para as articulações políticas, às vésperas da eleição para a presidência da Câmara e do Senado. O plano dos bolsonaristas é levar essa pauta adiante com o apoio dos futuros presidentes das Casas Legislativas, Hugo Motta e Davi Alcolumbre. Com o controle de postos estratégicos no Congresso, a base de Bolsonaro busca pavimentar o caminho para a tramitação do projeto.


Atualmente, a proposta está na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, tendo como relator Filipe Barros, parlamentar do PL e aliado de Bolsonaro. No entanto, há uma disputa intensa pelo comando da comissão, uma vez que o Partido dos Trabalhadores tem interesse em presidir o colegiado. Para garantir que o projeto avance sem entraves, o PL pretende negociar com os partidos do Centrão para impedir que os petistas assumam o controle da CCJ, buscando a indicação de um nome mais neutro para a presidência da comissão.


O texto do projeto propõe que o período de inelegibilidade seja contado a partir da eleição em que houve a condenação. Isso significaria que Bolsonaro ficaria inelegível apenas entre outubro de 2022 e outubro de 2024, possibilitando sua candidatura em 2026. Essa mudança teria efeitos diretos no cenário eleitoral, já que Bolsonaro ainda mantém uma base sólida de apoiadores e poderia voltar ao páreo como o principal nome da direita.


A articulação para modificar a Lei da Ficha Limpa tem gerado reações tanto na base governista quanto na oposição. Aliados do ex-presidente consideram a legislação atual excessivamente punitiva e argumentam que a pena imposta a Bolsonaro foi desproporcional. Já os críticos da proposta afirmam que flexibilizar a lei enfraqueceria os mecanismos de combate a abusos eleitorais e abriria caminho para que políticos condenados voltem a disputar eleições sem cumprir punições adequadas.


Além do impacto direto na elegibilidade de Bolsonaro, a movimentação para alterar a Lei da Ficha Limpa reflete disputas internas no Congresso. A eleição para o comando da Câmara e do Senado se tornou um palco para negociações intensas, com diferentes grupos políticos buscando ampliar sua influência. O apoio do Centrão, bloco conhecido por sua postura pragmática, pode ser fundamental para a viabilização do projeto. Caso obtenha respaldo suficiente, a proposta pode avançar rapidamente pelas instâncias legislativas.


Se a mudança na lei for aprovada, o cenário eleitoral de 2026 sofrerá uma reviravolta. Bolsonaro, que continua sendo um dos principais nomes da direita brasileira, poderia entrar na disputa e polarizar ainda mais a eleição contra a base governista. Seu retorno ao jogo político reacenderia debates sobre sua gestão e sobre o futuro da direita no país. Além disso, a medida poderia gerar uma reação intensa tanto por parte da sociedade quanto do meio jurídico, com possíveis questionamentos sobre a constitucionalidade da alteração.


A tramitação do projeto será acompanhada de perto por partidos, juristas e setores da sociedade civil. A definição da liderança da Comissão de Constituição e Justiça será um dos primeiros testes para a força da articulação bolsonarista. Caso o projeto avance na CCJ, ele ainda precisará passar por outras etapas antes de ser aprovado definitivamente, incluindo debates no plenário da Câmara e do Senado. Além disso, a proposta pode enfrentar desafios no Supremo Tribunal Federal, caso seja questionada sob a ótica da moralidade pública e da separação entre os poderes.


A tentativa de reverter a inelegibilidade de Bolsonaro demonstra como as eleições de 2026 já começaram a ser disputadas nos bastidores. Com alianças sendo formadas e estratégias sendo elaboradas, o pleito promete ser marcado por embates intensos e por uma nova fase da polarização política que domina o país nos últimos anos. O desfecho dessa movimentação dependerá não apenas das articulações dentro do Congresso, mas também da reação da sociedade e de possíveis desdobramentos jurídicos.


Independentemente do resultado da tramitação da proposta, o simples fato de que a base bolsonarista está empenhada em modificar a legislação eleitoral já indica que a disputa presidencial começou muito antes do que o esperado. Com o Congresso dividido e um cenário político cada vez mais imprevisível, as próximas semanas serão decisivas para definir o rumo dessa estratégia e os impactos que ela poderá ter nas eleições de 2026.

#buttons=(Aceitar !) #days=(20)

Nosso site usa cookies para melhorar sua experiência. Saiba mais
Accept !