Com o início de 2025, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se vê diante de um cenário desafiador: a queda expressiva em sua popularidade. Uma pesquisa recente do Datafolha, divulgada em fevereiro, revelou que apenas 24% dos brasileiros consideram seu terceiro mandato ótimo ou bom, uma redução significativa em relação aos 35% registrados em dezembro de 2024. Este índice, o mais baixo de sua trajetória política, acende um sinal de alerta no Palácio do Planalto. Em busca de reverter essa tendência, Lula aposta em uma estratégia de aproximação com a população por meio de uma série de viagens e visitas a diferentes estados, com o intuito de divulgar os avanços de seu governo e fortalecer sua base eleitoral para a disputa pela reeleição em 2026.
A queda na aprovação do governo não ocorreu por acaso, e a equipe do presidente sugere que o índice negativo reflete uma "fotografia do momento", especialmente após os desdobramentos de uma polêmica envolvendo o Pix, ferramenta de transferências financeiras criada pelo Banco Central. A crise gerada por fake news relacionadas ao sistema afetou a imagem do governo, gerando uma percepção negativa entre a população. Contudo, em uma declaração recente, Lula demonstrou um certo ceticismo quanto à importância das pesquisas, afirmando que as vê mais como uma ferramenta de diagnóstico, útil para ajustar comportamentos e estratégias, mas não como uma verdade absoluta. "Quem me conhece sabe que eu nunca levei definitivamente a sério qualquer pesquisa feita em qualquer momento. Uma pesquisa serve para você estudar, para você saber se tem que mudar de comportamento, para você saber se tem que mudar de ação", disse o presidente.
Na busca por aumentar sua popularidade e reforçar sua imagem positiva, Lula intensifica suas viagens pelo Brasil. Desde janeiro, o presidente já havia indicado que sua estratégia seria dar mais visibilidade a suas ações através de visitas aos estados, com o objetivo de destacar as iniciativas do governo, como programas sociais e investimentos em infraestrutura. A ideia é criar uma narrativa de ações concretas, que possam trazer benefícios diretos para a população, mostrando que o governo está ativamente trabalhando para melhorar a vida dos brasileiros.
Recentemente, em sua visita ao Rio Grande do Sul, Lula assinou um importante contrato para a aquisição de quatro navios destinados ao transporte de petróleo e derivados pela Transpetro, empresa subsidiária da Petrobras. O evento, realizado em Porto Alegre, foi um momento de destaque na agenda do presidente, que aproveitou para ressaltar a importância do investimento para o desenvolvimento econômico da região. Durante o evento, Lula fez questão de afirmar que, se necessário, continuará viajando para divulgar as ações do governo, prometendo até mesmo visitar lugares inusitados para estar mais perto da população. "Se for preciso, vou visitar até fábrica de palito de fósforo", afirmou, deixando claro que sua agenda de viagens será intensa e abrangente.
Em breve, Lula deve visitar estados como Espírito Santo, Santa Catarina e Bahia, regiões chave para sua estratégia de reeleição. O presidente tem se mostrado comprometido em alcançar todos os cantos do país, seja nas grandes cidades ou em locais mais afastados, para mostrar que está atento às necessidades da população e disposto a ouvir as demandas locais. Para ele, essas visitas são essenciais não apenas para divulgar as ações do governo, mas também para reforçar o contato direto com os cidadãos, algo que, segundo suas próprias palavras, é fundamental para a construção de uma imagem positiva.
Além disso, o vice-presidente Geraldo Alckmin também está sendo envolvido na estratégia de ampliação das viagens pelo Brasil. Alckmin, que desempenha um papel importante no governo Lula, deve intensificar suas próprias visitas aos estados, com o objetivo de reforçar a presença do governo nas regiões mais distantes e ajudar a divulgar as iniciativas do Executivo. A ideia é criar uma rede de representantes do governo que possam atuar em diferentes frentes e, assim, aumentar a visibilidade das ações positivas da administração.
Entre as ações que mais têm sido destacadas nas viagens do presidente estão os programas sociais e os investimentos em áreas como educação, saúde e infraestrutura. Uma das iniciativas que tem ganhado destaque é o "Pé-de-Meia", um projeto do Ministério da Educação que visa promover o acesso de jovens ao ensino superior e ao mercado de trabalho, além de garantir melhores condições para a educação básica no país. Lula acredita que esse tipo de programa é fundamental para fortalecer a imagem do governo e demonstrar seu compromisso com a melhoria da qualidade de vida da população.
Em paralelo às viagens, o governo também tem se concentrado em uma série de anúncios de investimentos em infraestrutura e obras públicas. Esses anúncios são feitos com o objetivo de gerar empregos, estimular a economia local e, claro, melhorar a percepção do governo perante a população. No entanto, Lula sabe que, para reverter a queda na popularidade, não basta apenas a divulgação de números e promessas. É necessário que a população sinta, na prática, os efeitos dessas ações.
A queda na popularidade não é um fenômeno novo na trajetória de Lula, que já enfrentou altos e baixos em suas aprovações durante os mandatos anteriores. Porém, em 2025, o cenário é diferente, com um contexto político e econômico mais desafiador, agravado pelas dificuldades em torno da crise do Pix e os impactos das fake news. Para Lula, o desafio é grande, mas ele se mostra disposto a enfrentá-lo com a mesma energia que o levou ao poder nas eleições anteriores.
Neste momento, as viagens e os anúncios de investimentos são apenas uma parte de uma estratégia maior, que busca consolidar uma narrativa positiva em torno de seu governo. A aposta é de que, com o tempo, as ações concretas e a proximidade com a população consigam reverter a queda na popularidade e fortalecer a candidatura à reeleição. Contudo, para que isso aconteça, será necessário que as medidas implementadas realmente tragam benefícios palpáveis para os brasileiros, o que exigirá uma gestão ainda mais focada em resultados.
À medida que o presidente Lula continua suas viagens e intensifica suas ações, a expectativa é que o governo consiga retomar a confiança de uma parcela significativa da população, rumo ao pleito de 2026. Resta saber se a estratégia adotada será suficiente para reverter o cenário atual e garantir uma reeleição em um contexto político e econômico de grandes desafios.
