A economia brasileira registrou uma expansão de 3,8% ao longo de 2024, de acordo com o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br). Considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), o indicador mostra que, embora tenha havido crescimento no acumulado do ano, houve uma desaceleração no último trimestre, culminando em uma retração de 0,7% em dezembro.
O PIB oficial será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 7 de março, mas os dados preliminares já indicam que o ritmo de crescimento perdeu força nos meses finais do ano. No terceiro trimestre de 2024, a economia havia crescido 0,9% em relação ao trimestre anterior, impulsionada principalmente pelos setores de serviços e indústria.
A taxa básica de juros, a Selic, teve um papel fundamental na dinâmica econômica ao longo do ano. Atualmente fixada em 13,25% ao ano, a Selic é um dos principais instrumentos utilizados pelo Banco Central para conter a inflação. O aumento da taxa tem efeitos diretos na economia, reduzindo o consumo e os investimentos, encarecendo o crédito e, consequentemente, desacelerando a atividade econômica. Apesar dessas medidas, a inflação se manteve sob controle, mas a economia perdeu força no final de 2024.
O ciclo de aperto monetário, iniciado em setembro do ano passado, continua influenciando as projeções para 2025. Com expectativas de nova alta de pelo menos 1 ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para os dias 18 e 19 de março, a taxa de juros pode chegar a 14,25% ao ano no início de 2025, impactando ainda mais o ritmo de crescimento.
Na comparação com dezembro de 2023, o IBC-Br apresentou alta de 2,4%, mesmo com a queda registrada no último mês do ano passado. O indicador permaneceu estável no último trimestre de 2024, sem apresentar crescimento significativo. Apesar disso, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou que a projeção oficial do Ministério para o PIB de 2024 é de um crescimento de 3,5%, reforçando a tendência positiva observada ao longo do ano.
O IBC-Br é um indicador amplamente utilizado pelo mercado financeiro e pelo próprio Banco Central para avaliar a atividade econômica do país. Ele incorpora estimativas de crescimento para os setores agropecuário, industrial e de serviços, oferecendo um panorama da economia antes da divulgação oficial do PIB. No entanto, é importante destacar que o indicador nem sempre reflete com precisão os dados oficiais do IBGE.
Os desafios para 2025 incluem a continuidade da política monetária restritiva e o impacto das taxas de juros elevadas sobre o consumo e os investimentos. Caso a Selic continue em patamares altos, o crescimento econômico pode sofrer novas desacelerações. Por outro lado, se houver sinais de controle da inflação, o Banco Central pode avaliar a possibilidade de redução dos juros ao longo do ano, incentivando um novo ciclo de crescimento.
O desempenho da economia brasileira em 2024 mostrou resiliência diante de desafios internos e externos. O crescimento de 3,8% registrado pelo IBC-Br indica um período de expansão, mas a desaceleração observada no fim do ano acende um alerta para as expectativas de 2025. A definição da política monetária será crucial para determinar o ritmo da economia nos próximos meses.