A presidente do Partido dos Trabalhadores, deputada Gleisi Hoffmann, respondeu com firmeza às declarações do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em uma publicação na rede social X, a parlamentar afirmou que Bolsonaro “se faz de vítima” sempre que é confrontado com a verdade e que, ao contrário do que ele sugere, quem realmente está “nas cordas” é ele. A declaração da petista veio após Bolsonaro insinuar que, sempre que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta dificuldades, surgem acontecimentos que atingem a oposição.
O embate entre os dois líderes políticos ganhou força depois que a Procuradoria-Geral da República apresentou uma denúncia formal contra Bolsonaro e outras 33 pessoas, acusando-as de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado. A denúncia é resultado de uma investigação que durou dois anos e aponta crimes como golpe de Estado, organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. O caso agora está sob análise do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que determinará os próximos passos do processo.
Gleisi não poupou críticas ao ex-presidente e destacou que ele tenta desviar o foco da denúncia ao atacar o governo Lula. Segundo ela, Bolsonaro foge do debate sobre seus próprios atos e tenta se eximir de responsabilidades. Em sua publicação, a presidente do PT também acusou o ex-mandatário de ser responsável por diversos problemas que afetaram o país durante sua gestão, mencionando desde a crise sanitária na pandemia até o aumento da fome e o enfraquecimento de áreas essenciais como saúde e educação.
A troca de farpas teve início quando Bolsonaro publicou um comentário insinuando que o governo Lula cria cortinas de fumaça sempre que está em dificuldades. Na postagem, ele listou uma série de problemas que, segundo ele, estariam desgastando a atual gestão, como o aumento de impostos, os escândalos envolvendo ministros e o impacto da inflação no custo de vida da população. O ex-presidente insinuou que, nesses momentos de fragilidade política, surgem investigações e denúncias contra opositores, numa tentativa de desviar a atenção da opinião pública.
A resposta de Gleisi foi imediata e contundente. A deputada reafirmou a legitimidade da denúncia apresentada contra Bolsonaro e destacou que o processo foi conduzido dentro das normas legais, sem interferências políticas. Para ela, a acusação é um desdobramento natural das investigações sobre os atos antidemocráticos de 2022 e não algo criado para enfraquecer a oposição. Ela também enfatizou que Bolsonaro não pode fugir das consequências de seus atos e que seu destino será decidido pela Justiça.
O tom da declaração de Gleisi mostra que o PT pretende manter uma postura ofensiva contra o ex-presidente, especialmente diante da gravidade das acusações que pesam contra ele. No mesmo post, a parlamentar fez questão de lembrar que Bolsonaro já está inelegível desde junho de 2023, quando foi condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral por abuso de poder político. Agora, com a denúncia criminal da PGR, a situação do ex-presidente se agrava ainda mais, podendo levá-lo a responder judicialmente por crimes que, somados, podem resultar em até 43 anos de prisão.
O embate público entre Bolsonaro e Gleisi reflete um cenário político cada vez mais polarizado. Enquanto o ex-presidente busca manter sua base mobilizada com ataques ao governo e teorias de perseguição política, o PT aposta na estratégia de reforçar sua imagem como defensores da democracia e do Estado de Direito. A narrativa de que Bolsonaro tenta se fazer de vítima já foi utilizada em outras ocasiões e tem sido um dos principais argumentos dos petistas para rebater as acusações de que a Justiça estaria sendo usada para eliminar adversários políticos.
Além de Bolsonaro, outros nomes de peso também foram denunciados pela PGR, incluindo o general Braga Netto, ex-ministro da Defesa e ex-candidato a vice na chapa presidencial, e Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente. As acusações contra eles incluem crimes como dano qualificado e deterioração de patrimônio público tombado, o que indica a gravidade dos atos investigados. O caso segue em tramitação no STF e pode marcar um dos capítulos mais importantes da história política recente do Brasil.
A estratégia do ex-presidente ao insistir na tese de que há uma perseguição contra ele e seus aliados pode ter dois objetivos principais. O primeiro é reforçar a narrativa junto à sua base de apoio, apresentando-se como vítima de um sistema que tenta silenciá-lo. O segundo é buscar respaldo internacional, já que Bolsonaro e seus aliados têm repetidamente tentado convencer setores conservadores no exterior de que sua situação jurídica no Brasil é motivada por questões políticas, e não por crimes cometidos.
Apesar disso, a resposta dura de Gleisi mostra que o governo e o PT não pretendem recuar diante dessas acusações. O partido vê a denúncia da PGR como uma vitória da democracia e do sistema judicial, que estaria demonstrando independência ao levar adiante as investigações contra aqueles que tentaram minar o processo eleitoral. O discurso de que “não haverá anistia” para os responsáveis pelos atos de 2022 tem sido repetido por diversas lideranças do partido, indicando que a punição dos envolvidos será tratada como prioridade.
O próximo passo no processo será a análise da denúncia pelo STF, que decidirá se Bolsonaro e os demais acusados se tornarão réus. Caso isso aconteça, o ex-presidente enfrentará um processo penal que poderá durar anos e trazer ainda mais desgaste para sua imagem pública. Além disso, uma eventual condenação pode significar o fim definitivo de suas pretensões políticas, colocando em risco sua capacidade de influenciar eleições futuras e manter sua posição como líder da direita brasileira.
A guerra de narrativas entre Bolsonaro e o PT promete continuar nos próximos meses, com desdobramentos que podem afetar o cenário político de 2026. Enquanto o ex-presidente busca evitar que a denúncia prejudique sua influência, o governo Lula tenta consolidar sua posição e afastar qualquer sombra de crise interna. Resta saber como a população reagirá a esses embates e quais serão os impactos dessa disputa na opinião pública.
O fato é que, com as investigações avançando e a pressão jurídica aumentando, Bolsonaro se encontra em uma posição cada vez mais delicada. A resposta de Gleisi Hoffmann reflete a confiança do PT de que o ex-presidente terá que enfrentar as consequências de seus atos. No campo político e jurídico, a batalha está longe de terminar, mas, neste momento, quem parece mais encurralado é Bolsonaro, e não Lula.