A delação premiada de Mauro Cid trouxe novas informações sobre o envolvimento de figuras próximas ao ex-presidente Jair Bolsonaro em uma possível tentativa de golpe de Estado. Entre os nomes citados, destaca-se o da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, apontada como uma das incentivadoras do então chefe do Executivo a seguir com a investida golpista.
O depoimento de Cid à Polícia Federal ocorreu em agosto de 2023, mas apenas agora veio a público. No vídeo divulgado nesta quinta-feira (20/02), o ex-ajudante de ordens detalha a atuação de Michelle e de outros aliados influentes. Segundo ele, a ex-primeira-dama, juntamente com um grupo de conselheiros radicais, pressionava Bolsonaro a tomar medidas contra o resultado das eleições e permanecer no poder.
Entre os citados, estão os ex-ministros Onyx Lorenzoni e Gilson Machado, os senadores Jorge Seif e Magno Malta, o deputado Eduardo Bolsonaro e o general Mario Fernandes. Segundo Cid, esse grupo reforçava a ideia de que Bolsonaro tinha apoio popular e das forças de segurança para seguir adiante com um golpe de Estado.
O general Mario Fernandes foi descrito como um dos mais ativos nessa investida, incentivando militares a aderirem ao plano. Cid revelou que sua atuação chegou a preocupar o então comandante do Exército, general Freire Gomes, que cogitou puni-lo por suas movimentações. Fernandes teria sido presença constante em atos e manifestações, buscando apoio para pressionar os demais generais.
A Procuradoria-Geral da República denunciou Bolsonaro, Cid e outros 31 aliados sob acusações de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e outros crimes relacionados. A investigação segue em curso e pode trazer novas implicações para os envolvidos.
A repercussão da delação tem sido intensa, com especialistas apontando o impacto das revelações no cenário político nacional. O envolvimento de Michelle Bolsonaro adiciona um novo elemento à investigação e pode afetar diretamente o futuro político da família Bolsonaro. A defesa dos citados nega qualquer irregularidade e afirma que as acusações são infundadas.
O caso continua sob análise da Justiça, e novos desdobramentos são aguardados nos próximos dias.