A política brasileira continua a surpreender e a movimentar os ânimos dos eleitores, especialmente com o cenário das eleições de 2026 ganhando cada vez mais destaque. Uma pesquisa recente do Instituto Paraná, divulgada nesta terça-feira, 18, revelou dados interessantes sobre uma possível disputa presidencial entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A pesquisa indicou que, no cenário mais próximo de uma eleição entre os dois, Bolsonaro aparece à frente, mas com uma ressalva crucial: o ex-presidente está inelegível até 2030, o que levanta questionamentos sobre a viabilidade de sua candidatura.
Os resultados da pesquisa apontam que, na consulta espontânea, onde os eleitores podem mencionar qualquer nome que considerem para a eleição, Lula aparece com 19% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro soma 17,6%. No entanto, quando o cenário é estimulado, ou seja, quando os nomes dos possíveis candidatos são apresentados aos entrevistados, a vantagem se inverte. Bolsonaro surge com 36% das intenções de voto, enquanto Lula fica com 33,8%. Essa diferença de 2,2 pontos percentuais está dentro da margem de erro da pesquisa, o que significa que, no fundo, o cenário é praticamente um empate técnico.
O mais intrigante, porém, é a simulação de um segundo turno entre os dois ex-presidentes. Nesse cenário, Bolsonaro termina à frente, com 45,1% dos votos contra 40,2% de Lula. Embora a vantagem de Bolsonaro seja significativa, a pesquisa ainda indica que a disputa estaria muito próxima, reforçando a ideia de um embate polarizado e altamente competitivo. A pesquisa foi realizada entre os dias 13 e 16 de fevereiro e ouviu 2.010 eleitores, com margem de erro de 2,2 pontos percentuais.
Além da pesquisa envolvendo os dois principais nomes da política nacional, o levantamento também analisou outros cenários, considerando outros possíveis concorrentes. Um desses cenários envolve Michelle Bolsonaro, esposa de Jair Bolsonaro, que tem ganhado cada vez mais notoriedade no cenário político. Na pesquisa estimulada, Lula aparece com 34,1% das intenções de voto, enquanto Michelle soma 27,2%. No entanto, se a disputa fosse para um segundo turno, Michelle conseguiria virar o jogo e vencer Lula, com 42,9% dos votos contra 40,5% do petista.
Porém, o desempenho de Lula não é apenas o foco dessa pesquisa. O levantamento também comparou o atual presidente com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Nesse cenário, Lula se mostra à frente, com 34,1% contra 21,9% de Tarcísio. No entanto, em uma possível disputa de segundo turno, a pesquisa aponta um empate técnico, com Lula ligeiramente à frente com 41,1%, contra 40,8% de Tarcísio. A variação de intenção de voto entre os dois políticos é tão pequena que, novamente, entra no campo do empate técnico.
Para o presidente Lula, os números são preocupantes, pois mostram uma tendência de queda nas intenções de voto, especialmente nos cenários de segundo turno. Se compararmos com pesquisas anteriores, como a realizada em janeiro, o petista aparecia à frente de Michelle em um segundo turno, com uma vantagem mais confortável. Também havia uma diferença de três pontos percentuais entre Lula e Tarcísio, algo que agora não se observa mais. Essa queda nas intenções de voto reflete, sem dúvida, a dificuldade que o governo tem enfrentado em lidar com a alta dos preços e outros desafios econômicos e políticos.
Enquanto isso, para Bolsonaro, a situação também não é completamente favorável. Embora ele tenha intensificado suas articulações políticas para tentar se habilitar a disputar as eleições de 2026, a sua inelegibilidade permanece como um obstáculo considerável. A Constituição brasileira impede que ele concorra devido à sua condenação, o que deixa o ex-presidente afastado da corrida presidencial até 2030, a menos que haja uma mudança legislativa que permita sua candidatura. Embora haja movimentações no Congresso Nacional em torno da possibilidade de uma anistia, que daria a Bolsonaro condições legais para concorrer, a votação desse processo ainda está longe de ser uma realidade concreta. Além disso, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, está preparando uma denúncia contra Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, o que pode complicar ainda mais a situação do ex-presidente.
O cenário que se desenha para 2026, portanto, é incerto e dinâmico. Mesmo que a pesquisa indique uma vantagem para Bolsonaro em um possível confronto com Lula, os fatores políticos e legais que envolvem a inelegibilidade de Bolsonaro e a instabilidade política do país tornam o futuro da disputa presidencial extremamente imprevisível. Lula, por sua vez, continua sendo uma figura central no debate político, mas a queda na popularidade e os desafios econômicos do seu governo podem impactar suas chances de reeleição. Além disso, o surgimento de novas figuras políticas, como Michelle Bolsonaro e Tarcísio de Freitas, pode mudar o jogo nas eleições de 2026, tornando o cenário ainda mais competitivo.
Este levantamento, portanto, serve como um termômetro importante para entender o atual momento político brasileiro, mas também mostra como as condições podem mudar rapidamente. A corrida presidencial de 2026 será marcada não apenas pelos nomes mais tradicionais, como Bolsonaro e Lula, mas também por uma série de outros fatores que podem alterar o rumo da política no país. O que parece claro, no entanto, é que a disputa será acirrada, com cada movimento político e cada decisão estratégica tendo um impacto significativo nos rumos da eleição. O futuro das eleições de 2026 é uma incógnita, mas, como mostram os dados, a tensão e a competitividade já estão no ar.