Centrão e PL tentam reescrever regras eleitorais para devolver Bolsonaro às urnas

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Deputados do PL, com o respaldo de integrantes do Centrão, estão intensificando as negociações para tornar Jair Bolsonaro elegível nas eleições de 2026. A estratégia envolve um projeto de lei que reduz de oito para dois anos o prazo de inelegibilidade para políticos condenados por crimes eleitorais, mudança que beneficiaria diretamente o ex-presidente. O movimento ocorre em meio a um cenário de forte polarização política, com a base bolsonarista tentando reverter os efeitos da decisão do Tribunal Superior Eleitoral, enquanto a oposição busca barrar qualquer tentativa de flexibilização das regras eleitorais.


A proposta foi apresentada pelo deputado federal Bibo Nunes e rapidamente ganhou apoio dentro da Câmara. Inicialmente, 73 parlamentares, a maioria do PL, assinaram a iniciativa. Em apenas 24 horas, mais 20 deputados manifestaram interesse em aderir ao projeto, ampliando ainda mais sua força entre os congressistas. A movimentação política tem gerado reações intensas, tanto dentro quanto fora do parlamento, já que a mudança na legislação pode ter um impacto significativo nas eleições de 2026.


O foco do projeto é enfraquecer a Lei da Ficha Limpa, que atualmente impede Bolsonaro de concorrer após sua condenação por abuso de poder político durante uma reunião com embaixadores em 2022. Caso a nova legislação seja aprovada, o ex-presidente poderia voltar ao jogo político muito antes do esperado, reacendendo sua presença no debate eleitoral e reorganizando a base da direita para um eventual retorno ao Palácio do Planalto.


O relator do projeto, deputado Filipe Barros, conduz a tramitação na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, mas a resistência da oposição já se faz presente. O PT, que busca assumir o controle da comissão, trabalha para travar o avanço da proposta e impedir que a flexibilização da Lei da Ficha Limpa se torne realidade. O partido vê na articulação bolsonarista uma tentativa de driblar o sistema eleitoral e garantir uma nova chance ao ex-presidente, algo que não pretende permitir sem um embate direto dentro do Congresso.


Apesar da resistência petista, o Centrão tem demonstrado apoio ao projeto, mas com ressalvas. Líderes de partidos como MDB, Republicanos, União Brasil e PP avaliam que a proposta tem chances reais de avançar, mas aconselharam o PL a escolher um relator menos identificado ideologicamente com Bolsonaro. A ideia é tornar a tramitação mais fluida e evitar confrontos desnecessários com setores da oposição que poderiam dificultar a aprovação da matéria.


A estratégia do PL se baseia na possibilidade de garantir os 257 votos necessários para a aprovação do projeto no plenário da Câmara, número que, segundo articuladores, está dentro do alcance da base bolsonarista e de seus aliados. Se a proposta for aprovada na Câmara, seguirá para o Senado, onde enfrentará um cenário mais desafiador, mas não impossível de ser superado.


A resistência do PT e de partidos de esquerda não surpreende os articuladores da direita, que já possuem um plano B caso o governo consiga impedir o avanço do projeto na Comissão de Constituição e Justiça. A alternativa seria um pedido de urgência ao colégio de líderes, estratégia que permitiria levar a proposta diretamente ao plenário sem a necessidade de passar pelas comissões temáticas, acelerando sua tramitação e evitando bloqueios internos. Esse movimento é visto como uma carta na manga caso a oposição tente barrar a discussão no estágio inicial do processo legislativo.


A articulação para tornar Bolsonaro elegível novamente se intensifica em um momento de incerteza no cenário político. Mesmo inelegível, o ex-presidente continua sendo a principal referência da direita e mantém uma base de apoio significativa, capaz de influenciar o rumo das eleições de 2026. Seu nome segue forte entre eleitores conservadores e líderes políticos que enxergam nele a única alternativa viável para enfrentar Lula ou qualquer outro candidato petista no próximo pleito presidencial.


O avanço do projeto tem gerado reações dentro e fora do Congresso. A oposição vê a movimentação como uma tentativa de enfraquecer mecanismos de combate ao abuso de poder e à corrupção eleitoral, argumentando que a Lei da Ficha Limpa foi criada justamente para evitar que políticos condenados por crimes eleitorais voltem ao cenário político tão rapidamente. Por outro lado, aliados de Bolsonaro defendem que a inelegibilidade de oito anos é desproporcional e que a proposta apenas corrige uma injustiça ao permitir que figuras políticas com apoio popular tenham uma nova chance de disputar eleições.


Além do embate jurídico e legislativo, o tema também tem grande impacto na disputa política. Se Bolsonaro conseguir reverter sua inelegibilidade, o jogo eleitoral muda completamente. A direita se fortalece, e o cenário que hoje parece consolidado pode sofrer uma reviravolta. Por outro lado, se o projeto for barrado, o ex-presidente terá que encontrar outro nome para representar seu grupo político em 2026, algo que ainda não está definido.


A discussão sobre a flexibilização da Lei da Ficha Limpa está longe de um desfecho. O Congresso será palco de intensos debates e negociações, e os próximos meses serão determinantes para o futuro de Bolsonaro e da política nacional. A batalha pelo poder já começou, e o destino do ex-presidente dependerá da capacidade de articulação de seus aliados no Parlamento. Enquanto isso, a oposição se prepara para um confronto direto, disposta a impedir que as regras do jogo eleitoral sejam alteradas para favorecer um único candidato. O que está em jogo vai além da candidatura de Bolsonaro, envolvendo também os limites do sistema democrático e a força das instituições que regulam a política no Brasil.

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