O advogado de Jair Bolsonaro, Celso Vilardi, anunciou que solicitará a anulação da delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente. A decisão foi divulgada após uma reunião entre Vilardi e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, na tarde desta segunda-feira. O advogado alegou que não teve acesso integral às mídias da delação e que pretende argumentar que as declarações de Cid precisam ser analisadas em seu contexto completo, e não de forma fragmentada.
A reunião com Barroso durou cerca de 20 minutos, tempo em que Vilardi expôs os fundamentos de suas petições. O ministro afirmou que avaliará os pedidos apresentados. O advogado reforçou sua intenção de impugnar a validade da colaboração de Cid, alegando que a delação foi obtida sob condições questionáveis. A estratégia da defesa de Bolsonaro se baseia na tentativa de enfraquecer o material probatório utilizado no chamado "Inquérito do Golpe".
A delação de Mauro Cid teve um papel central nas investigações conduzidas pela Polícia Federal. O ex-ajudante de ordens revelou detalhes que ajudaram a embasar a denúncia contra 34 pessoas envolvidas em uma suposta trama golpista após as eleições de 2022. Seu testemunho forneceu subsídios para que o STF e a Procuradoria-Geral da República (PGR) aprofundassem as investigações.
Em declaração nesta segunda-feira, Bolsonaro criticou a delação de Cid, classificando-a como "tortura" e acusando o ministro Alexandre de Moraes de ameaçar familiares do ex-ajudante de ordens para que ele colaborasse com as investigações. Segundo o ex-presidente, o magistrado teria pressionado o pai, a esposa e a filha de Cid para forçá-lo a revelar informações que comprometessem a antiga gestão federal.
A tensão em torno da delação se intensificou nos últimos dias após a divulgação de novos áudios relacionados ao caso. Em um desses registros, divulgados pelo portal Metrópoles, integrantes de um grupo conhecido como "Kids Preto" discutem um plano para assassinar o ministro Alexandre de Moraes. O material reacendeu debates sobre os desdobramentos das investigações e a segurança institucional no país.
A estratégia da defesa de Bolsonaro busca deslegitimar a colaboração de Cid, questionando tanto a forma como foi obtida quanto o contexto das informações fornecidas. O advogado Celso Vilardi insiste que o STF deve analisar a situação levando em consideração o conjunto completo de provas e não apenas trechos isolados da delação. A defesa também aponta que, se a colaboração foi feita sob pressão, ela não deveria ser aceita como válida no processo judicial.
O pedido de anulação será apresentado formalmente nos próximos dias e deve gerar um intenso debate jurídico no STF. Caso seja aceito, pode impactar significativamente o andamento das investigações. No entanto, se for negado, fortalecerá ainda mais as provas coletadas pela Polícia Federal e pela PGR contra Bolsonaro e aliados.
O STF terá que decidir se as alegações de pressão sobre Cid têm fundamento jurídico suficiente para invalidar sua colaboração. Enquanto isso, o ex-presidente e sua defesa continuam a articular medidas para enfrentar os desdobramentos do caso e minimizar possíveis impactos políticos e jurídicos.
