O ex-presidente Jair Bolsonaro iniciou 2025 reafirmando seu posicionamento crítico em relação ao Partido dos Trabalhadores (PT) e ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Na última quinta-feira, dia 2, Bolsonaro utilizou a rede social X para compartilhar um vídeo que faz acusações sobre o papel do PT na crise humanitária que a Venezuela enfrenta nos últimos anos. A publicação foi acompanhada pela frase “Faça simples comparações e tire suas conclusões”.
No vídeo, narrado por uma voz masculina, é apresentado um panorama da grave crise venezuelana. Segundo o conteúdo, o apoio dado pelo PT ao regime chavista teria contribuído para transformar a Venezuela em um país marcado pela deterioração econômica e social. O narrador argumenta que as políticas defendidas pelo partido brasileiro poderiam levar a consequências semelhantes no Brasil. O material descreve o colapso da Venezuela como um processo que culminou em um êxodo massivo, destacando que as classes sociais mais ricas foram as primeiras a deixar o país, seguidas pela classe média e, finalmente, pelos mais pobres e pelos que permanecem alinhados ao governo de Nicolás Maduro.
Jair Bolsonaro, conhecido por sua postura contundente contra o PT desde o início de sua carreira política, tem intensificado suas críticas ao partido ao longo dos últimos anos. Desde que deixou a presidência em 2022, ele passou a usar suas redes sociais para atacar o retorno de Lula ao poder e apontar o que considera serem os erros históricos do partido. A publicação mais recente reforça sua estratégia de contrastar suas ideias com as do PT, utilizando a crise venezuelana como exemplo para alertar sua base sobre os supostos riscos das políticas de esquerda.
A postagem gerou grande repercussão entre os apoiadores de Bolsonaro, que compartilharam o vídeo e endossaram suas críticas. No entanto, também provocou reações negativas, especialmente de figuras ligadas ao governo e parlamentares aliados de Lula. Críticos afirmam que as acusações feitas pelo ex-presidente carecem de embasamento e têm como objetivo desviar o foco de questões polêmicas relacionadas à sua própria gestão. Para membros da base governista, a estratégia de Bolsonaro é recorrente: usar a polarização para manter seu espaço na política nacional.
A crise venezuelana é, de fato, um dos temas mais complexos da América Latina nos últimos tempos. O colapso econômico e social do país vizinho gerou uma das maiores crises migratórias da história da região, com milhões de pessoas forçadas a abandonar suas casas em busca de melhores condições de vida em outros países. Especialistas apontam que a crise foi causada por uma combinação de fatores, como má gestão econômica, corrupção, sanções internacionais e o colapso da indústria petrolífera, um dos pilares da economia venezuelana. Apesar disso, há divergências sobre o papel de partidos e governos estrangeiros no agravamento da situação.
Durante o governo Bolsonaro, as relações diplomáticas entre Brasil e Venezuela foram praticamente cortadas, com o ex-presidente adotando uma postura de forte oposição ao governo Maduro. Já o governo Lula, em contraste, tem buscado reaproximar os dois países, argumentando que o diálogo é essencial para encontrar soluções pacíficas para os problemas na região. Essa diferença de abordagem reforça o contraste ideológico entre os dois líderes e seus partidos, evidenciando as divergências em suas visões de política externa.
O Partido dos Trabalhadores, por sua vez, respondeu de forma indireta às acusações de Bolsonaro. Em ocasiões anteriores, lideranças do partido enfatizaram que o PT sempre buscou respeitar a soberania dos países latino-americanos e que a política externa brasileira deve ser guiada pela busca de soluções pacíficas e pelo diálogo. Até o momento, o governo Lula não fez declarações específicas sobre o vídeo compartilhado pelo ex-presidente, mas a expectativa é de que o tema possa ser tratado em discursos ou entrevistas futuras.
Analistas políticos veem a publicação de Bolsonaro como parte de uma estratégia maior para manter sua relevância no cenário político e fortalecer sua base de apoio. O ex-presidente tem se consolidado como um dos principais nomes da oposição, com vistas a uma possível candidatura nas eleições presidenciais de 2026. Além disso, o uso das redes sociais continua sendo uma das principais ferramentas de Bolsonaro para alcançar seu público e mobilizar apoiadores.
Essa postura tem se mostrado eficaz para manter o ex-presidente em evidência, mesmo fora do cargo. Ele frequentemente utiliza suas plataformas digitais para criticar as decisões do atual governo e reforçar seu discurso ideológico, apostando na polarização para garantir engajamento. Ao trazer à tona a crise venezuelana e associá-la ao PT, Bolsonaro busca reafirmar sua posição como um contraponto ao atual governo, criando um cenário de constante embate político.
Para especialistas, essa troca de críticas entre Bolsonaro e o PT continuará marcando o cenário político brasileiro, especialmente com a aproximação das eleições municipais e a movimentação em torno das eleições presidenciais de 2026. A polarização, que se tornou uma característica central da política nacional nos últimos anos, segue sendo um fator determinante para os rumos do país. O embate entre os dois lados, segundo analistas, reflete não apenas diferenças ideológicas, mas também a luta por espaço e influência política em um ambiente cada vez mais dividido.
A crise na Venezuela, mencionada no vídeo, também segue como um tema sensível nas relações internacionais e na política doméstica do Brasil. Enquanto Bolsonaro utiliza a situação como exemplo para criticar políticas de esquerda, o governo Lula busca adotar uma abordagem mais conciliadora, com foco no diálogo. Essa diferença de postura demonstra como a questão venezuelana se tornou um símbolo das divisões políticas no Brasil e na América Latina como um todo.
Ao iniciar 2025 com publicações como essa, Bolsonaro deixa claro que pretende continuar sendo uma figura central na oposição ao governo Lula. Seu discurso, baseado em críticas ao PT e em alertas sobre os supostos perigos das políticas de esquerda, reflete uma estratégia de longo prazo para se posicionar como líder de sua base e potencial candidato à presidência. Enquanto isso, o PT e o governo Lula terão o desafio de lidar com essas acusações e avançar com suas propostas em um cenário político marcado por tensões e disputas ideológicas.
