Em um dos momentos mais polêmicos e surpreendentes da política brasileira recente, o ex-presidente Jair Bolsonaro usou o inglês para criticar duramente o Supremo Tribunal Federal durante um discurso em São Paulo. O gesto ousado repercutiu dentro e fora do país, alimentando ainda mais o embate entre o bolsonarismo e o Judiciário. A frase em tom sarcástico viralizou nas redes sociais e acendeu o debate sobre liberdade de expressão, perseguição política e internacionalização da crise institucional brasileira.
O ex-presidente escolheu um dos palcos mais simbólicos de sua militância — a Avenida Paulista — para disparar sua nova estratégia política: denunciar o STF para o mundo. O episódio marca um novo capítulo na batalha entre o ex-presidente e os ministros da Suprema Corte, e reforça o clima de tensão que domina o cenário político nacional.
Bolsonaro denuncia o STF em inglês e provoca impacto internacional
Durante a manifestação realizada no domingo, 6 de abril de 2025, Jair Bolsonaro não se limitou a falar apenas com seus apoiadores brasileiros. Em um momento que pegou muitos de surpresa, o ex-presidente usou o inglês para transmitir ao mundo uma mensagem de crítica direta ao Supremo Tribunal Federal.
A frase dita por Bolsonaro ficou registrada e rapidamente ganhou repercussão:
Popcorn and ice cream sellers sentenced for coup dEtat in Brazil
Em português, o ex-presidente traduziu:
Vendedores de pipoca e de sorvete condenados por golpe de Estado no Brasil
Com essa afirmação carregada de ironia, Bolsonaro questionou as recentes condenações feitas pelo STF a pessoas consideradas por ele como cidadãos comuns e inocentes, como ambulantes e trabalhadores informais que participaram dos atos de 8 de janeiro de 2023.
O gesto não foi um acaso. Bolsonaro deixou claro que, mesmo sem ser fluente em inglês, sentiu a necessidade de levar sua denúncia ao exterior. Ele quer transformar o embate com o STF em um tema internacional, chamando a atenção de entidades de direitos humanos e defensores da liberdade de expressão ao redor do mundo.
Ato pró-anistia reúne milhares e expõe revolta popular contra o Supremo
A manifestação organizada por Bolsonaro em São Paulo teve como principal pauta o pedido de anistia para os condenados pelos atos de janeiro. A Avenida Paulista ficou tomada por apoiadores empunhando faixas e cartazes com palavras de ordem como liberdade já, justiça para o povo e STF não nos representa.
O clima do ato foi de indignação generalizada. Entre os participantes, o sentimento de injustiça era evidente. Muitos consideram que o Supremo Tribunal Federal tem agido de maneira autoritária, com condenações consideradas desproporcionais, principalmente contra cidadãos de baixa renda que estavam nas manifestações.
O episódio dos vendedores de pipoca e sorvete virou um símbolo dessa revolta popular. Para os apoiadores de Bolsonaro, essas condenações demonstram a seletividade da justiça brasileira, que pune de maneira rigorosa pessoas humildes, enquanto supostos criminosos do colarinho branco continuam impunes.
Bolsonaro aproveitou o momento para reforçar seu discurso de defesa do povo simples e trabalhador. Ele se apresentou como um porta-voz daqueles que, segundo ele, estão sendo perseguidos por suas convicções políticas.
Liberdade de expressão e perseguição política entram no centro do debate
O uso do inglês por Bolsonaro não foi apenas um gesto midiático. O ex-presidente deixou claro que o objetivo é internacionalizar a crise política e colocar o STF sob os olhos de organizações internacionais. Segundo ele, o Brasil vive um momento grave de violação dos direitos humanos e de perseguição a adversários políticos.
O discurso inflamado ecoou nas redes sociais e em veículos internacionais. Bolsonaro afirmou que os atos do Supremo configuram censura disfarçada e abuso de autoridade. Ele defendeu que os manifestantes condenados não cometeram violência e estavam apenas exercendo o direito de se expressar.
Essas declarações reacenderam um debate crucial no Brasil atual: quais os limites da liberdade de expressão e até onde as instituições podem ir para garantir a ordem democrática. Para os apoiadores de Bolsonaro, há um claro desequilíbrio nas ações do Judiciário, que estaria agindo de forma política e parcial.
O próprio ex-presidente declarou:
Essas pessoas não tinham armas, não cometeram violência direta. Estavam ali porque acreditam em um país mais justo
Essa narrativa reforça a imagem de Bolsonaro como vítima do sistema e de seus apoiadores como mártires de uma perseguição política disfarçada de justiça.
Estratégia política visa fortalecer Bolsonaro e colocar o STF na mira internacional
O movimento político de Bolsonaro vai além das fronteiras nacionais. A utilização do inglês em um discurso direcionado ao público brasileiro foi uma jogada estratégica para amplificar sua voz no cenário internacional.
Analistas políticos avaliam que essa atitude faz parte de um plano maior. Bolsonaro quer se apresentar ao mundo como um líder conservador perseguido por instituições aparelhadas. Ele pretende buscar apoio de organizações internacionais de direitos civis, além de estreitar laços com líderes conservadores de outros países.
Com o fortalecimento do conservadorismo nas redes sociais e a proximidade das eleições municipais, Bolsonaro aposta em manter sua base política ativa e engajada. A narrativa de perseguição, censura e abuso de autoridade deve seguir como a principal bandeira do ex-presidente nos próximos meses.
Além disso, a repercussão internacional pode pressionar o STF e o governo federal, criando um ambiente de instabilidade e desconfiança sobre a democracia brasileira.
Especialistas também destacam que essa estratégia poderá render frutos eleitorais. A imagem de Bolsonaro como um defensor do povo simples contra um sistema opressor tem grande apelo em um país com históricos problemas sociais e políticos.
Conclusão: Bolsonaro eleva o confronto político a um novo patamar
O recado em inglês de Jair Bolsonaro ao mundo foi mais do que um gesto simbólico. Foi o início de uma nova fase de seu enfrentamento político com o Supremo Tribunal Federal e com as instituições brasileiras.
O ex-presidente deixou claro que não pretende se calar ou recuar diante das decisões do STF. Pelo contrário, quer levar ao exterior sua versão dos fatos e apresentar o Brasil como um país onde a liberdade de expressão está ameaçada.
Enquanto o STF defende suas decisões como necessárias para proteger a democracia, Bolsonaro e seus aliados reforçam a narrativa de perseguição e censura. Esse embate promete se intensificar e dominar o debate público nos próximos meses.
O Brasil segue dividido, polarizado e mergulhado em uma crise política sem precedentes. De um lado, instituições que dizem garantir a ordem democrática. Do outro, um ex-presidente que mobiliza multidões e usa o inglês para dizer ao mundo que o povo está sendo condenado por vender pipoca e sonhar com liberdade.