A recente declaração do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, sobre a inflação de alimentos gerou forte repercussão política. Durante um evento no Rio de Janeiro, promovido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, o governador culpou diretamente o governo de Luiz Inácio Lula da Silva pelo aumento dos preços. Em resposta, a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, rebateu as críticas e defendeu as medidas adotadas pelo atual governo.
As declarações polêmicas de Tarcísio e a reação de Gleisi
No último domingo (16), Tarcísio participou de um evento pró-Bolsonaro em Copacabana, onde fez duras críticas ao governo federal. Em seu discurso, ele ironizou promessas de campanha de Lula e afirmou que "prometeram picanha, mas não tem nem ovo". A declaração rapidamente se espalhou e gerou reação de lideranças do Partido dos Trabalhadores.
Gleisi Hoffmann usou suas redes sociais para rebater o governador paulista. Em sua postagem, ela destacou que a inflação de alimentos já era um problema crônico durante o governo Bolsonaro e que medidas estão sendo tomadas para aliviar a situação. "Antes de atacar Lula com mentiras e ofensas, Tarcísio deveria comparar a realidade atual com a do governo em que ele foi ministro", escreveu a ministra.
Inflação de alimentos: responsabilidade de quem?
A inflação de alimentos é uma questão complexa e envolve vários fatores, como oscilações climáticas, custos de produção e a política econômica do país. Durante o governo Bolsonaro, o índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou um aumento de 56% nos alimentos consumidos em casa e 25% na alimentação fora do domicílio. Nos dois primeiros anos do governo Lula, esses números caíram para 9,67% e 12%, respectivamente.
Para mitigar os impactos da inflação, o governo Lula adotou medidas como a isenção de impostos federais sobre a cesta básica e a suspensão de taxas de importação para alimentos essenciais. Em contrapartida, Gleisi cobrou uma postura mais ativa de Tarcísio para combater a inflação em São Paulo, principal centro econômico do país. "Qual vai ser a contribuição do governador para reduzir o preço dos alimentos no estado que governa?", questionou a ministra.
Apoio a Bolsonaro e projeção política de Tarcísio
O evento em que Tarcísio discursou também teve um forte tom político. A manifestação pedia anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, além de reforçar o apoio a Bolsonaro, que está inelegível até 2030. O governador paulista tem sido apontado como um dos nomes mais fortes da direita para as próximas eleições presidenciais e, ao marcar presença em eventos dessa natureza, fortalece sua ligação com o eleitorado bolsonarista.
Tarcísio não é apenas um aliado de Bolsonaro, mas também uma figura estratégica para a oposição a Lula. Ao associar a alta dos preços ao governo petista, ele tenta desgastar a imagem do presidente e se posicionar como um nome forte para 2026. No entanto, sua declaração também gerou críticas de setores que apontam que a inflação é um problema global, impactado por fatores externos como guerra na Ucrânia e crise climática.
O embate entre Tarcísio e Gleisi mostra que a disputa política para os próximos anos já está em andamento. De um lado, a oposição busca desgastar o governo Lula com críticas à economia. Do outro, o governo tenta se defender com dados e medidas concretas. O cenário está longe de uma solução definitiva, mas uma coisa é certa: o debate sobre os rumos econômicos do país continuará no centro das discussões políticas.
