O ex-deputado federal e ex-procurador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, trouxe à tona um debate explosivo ao expor uma suposta contradição do ministro do Supremo Tribunal Federal, Cristiano Zanin. Em um vídeo que rapidamente viralizou, Deltan apontou um duplo padrão adotado por Zanin ao julgar o ex-presidente Jair Bolsonaro, comparando sua atuação atual no STF com sua postura no passado, quando era advogado do presidente Lula. O ex-procurador citou uma reportagem da Folha de S. Paulo que, segundo ele, comprova um problema grave na condução do julgamento e compromete a imparcialidade do ministro.
Deltan relembrou que, na época da Lava Jato, Zanin era um dos principais críticos da atuação do Judiciário e insistia que qualquer suspeição de um magistrado deveria ser tratada como um escândalo. O então advogado de Lula argumentava constantemente que o ex-juiz Sergio Moro não tinha isenção para julgar seu cliente e que qualquer interferência no processo deveria resultar na anulação das decisões tomadas. No entanto, ao assumir uma cadeira no STF e ter que julgar Bolsonaro, Zanin parece ter mudado de posição e passou a ignorar os princípios que antes defendia com tanta veemência.
O ex-deputado destacou que o próprio jornal Folha de S. Paulo trouxe evidências de que Zanin possui um claro conflito de interesse ao participar do julgamento de Bolsonaro, mas, mesmo assim, não se declarou impedido. Para Deltan, esse fato levanta questionamentos sobre a coerência do ministro e sobre a isenção do STF no caso do ex-presidente. Ele argumenta que a Suprema Corte deveria seguir padrões rigorosos de imparcialidade, independentemente da figura política em questão, e que a presença de Zanin no julgamento compromete a credibilidade do tribunal.
A denúncia de Deltan gerou forte repercussão entre apoiadores de Bolsonaro e críticos do STF. Para eles, a conduta de Zanin apenas reforça a percepção de que há uma seletividade no sistema judiciário brasileiro, onde regras são aplicadas de forma diferente dependendo de quem está no banco dos réus. A indignação se espalhou rapidamente nas redes sociais, com muitos internautas exigindo explicações do ministro e defendendo que ele se afaste do caso para evitar suspeitas de parcialidade.
Deltan foi ainda mais incisivo ao afirmar que, caso Zanin prossiga no julgamento de Bolsonaro, ele estará assinando um atestado de incoerência que o acompanhará pelo resto da carreira. Segundo ele, a única saída honrosa para o ministro seria se declarar impedido e evitar um desgaste maior para sua imagem e para o STF como um todo. Para o ex-procurador, a falta de coerência de um magistrado não apenas compromete sua credibilidade pessoal, mas também mina a confiança da população na Justiça como um todo.
Além das críticas diretas a Zanin, Deltan também aproveitou o momento para reforçar a necessidade de mudanças estruturais no STF. Ele defendeu uma revisão nos critérios para nomeação de ministros e maior transparência nos processos que envolvem políticos e autoridades públicas. Para ele, a sociedade não pode aceitar que o tribunal mais importante do país tome decisões baseadas em conveniências políticas, e sim na aplicação rigorosa da lei.
A polêmica não se restringiu apenas ao meio político. Especialistas em direito também se dividiram sobre a questão. Alguns concordaram com a análise de Deltan e afirmaram que a proximidade de Zanin com Lula é um fator que deveria ser levado em consideração ao julgar Bolsonaro. Outros, no entanto, argumentaram que a atuação do ministro no caso é legítima e que seu passado como advogado não compromete sua capacidade de julgar com isenção. De qualquer forma, a questão abriu um novo debate sobre os critérios de impedimento de magistrados e a necessidade de regras mais claras para garantir a imparcialidade das decisões.
Diante da repercussão, cresce a expectativa sobre qual será a postura de Zanin. Se ele decidir continuar no julgamento, as críticas sobre sua imparcialidade tendem a aumentar ainda mais. Caso opte por se afastar, isso poderá ser interpretado como uma admissão de que sua presença no caso era, de fato, questionável. Independentemente da escolha que fizer, a polêmica já está instaurada e deverá marcar sua trajetória no Supremo.
O episódio também intensificou o embate entre diferentes setores da sociedade sobre o papel do STF no atual cenário político. Enquanto aliados de Bolsonaro enxergam a atuação da Corte como uma perseguição ao ex-presidente, críticos do bolsonarismo defendem que a Justiça apenas está cumprindo seu papel. O fato é que a discussão sobre imparcialidade e critérios para julgamentos de figuras políticas segue ganhando força e deve continuar influenciando o debate público nos próximos meses.
O posicionamento de Deltan também reforça sua postura como uma das principais vozes críticas ao STF e ao atual governo. Desde que deixou o Ministério Público, ele tem se dedicado a denunciar aquilo que considera inconsistências no sistema judiciário e na condução política do país. Seus vídeos e declarações costumam ter grande impacto entre setores da direita, que veem nele um representante da luta contra a corrupção e pela transparência nas instituições.
Com a questão ainda em aberto, resta saber quais serão os próximos desdobramentos. O STF terá que lidar com a pressão crescente para garantir a credibilidade de seus julgamentos e evitar a percepção de parcialidade. Já Cristiano Zanin enfrentará o desafio de sustentar sua posição sem alimentar ainda mais as críticas sobre sua conduta. Enquanto isso, Deltan Dallagnol segue acompanhando o caso de perto, prometendo continuar expondo o que considera ser contradições dentro do Supremo.
Seja qual for o desfecho, o episódio já deixou uma marca no debate sobre justiça e política no Brasil. A controvérsia levantada por Deltan não apenas expôs possíveis incoerências dentro do STF, mas também reacendeu discussões sobre a influência política na mais alta instância do Judiciário. O julgamento de Bolsonaro, independentemente da decisão final, será mais um capítulo na longa disputa sobre os rumos do país e o papel das instituições na definição do futuro político brasileiro.