O Partido dos Trabalhadores (PT) enfrenta um momento de turbulência interna com a tentativa de antecipar a escolha do novo presidente da sigla. O grupo de Lula busca definir um nome até abril, mas enfrenta resistências e divisões que podem fragilizar a unidade partidária.
Conflito interno e pressão por unidade
A maior corrente do PT, a Construindo um Novo Brasil (CNB), que tradicionalmente define o comando do partido, vive um impasse na escolha do sucessor de Gleisi Hoffmann. O nome apoiado pelo presidente Lula, Edinho Silva, enfrenta oposição dentro da própria ala majoritária. A resistência se intensificou após o fraco desempenho do PT nas eleições municipais de 2024, especialmente no Sudeste.
Lideranças influentes, como o prefeito de Maricá e vice-presidente do PT, Washington Quaquá, não escondem o descontentamento. Quaquá chegou a afirmar que Edinho “é uma pessoa sem expressão, que não dialoga com o centro e foi derrotado eleitoralmente na própria cidade”. A tensão se agravou com a entrada de Gleisi Hoffmann no governo Lula, deixando a presidência do partido em aberto e ampliando a disputa interna.
Medo de exposição e fragmentação
Com a eleição interna prevista para julho, o PT se vê obrigado a realizar debates entre os candidatos nas capitais, conforme o estatuto do partido. O problema é que essas discussões podem acabar expondo ainda mais as divisões internas para o público. Por isso, a CNB tenta chegar a um consenso antes de abril para evitar disputas abertas.
Entre os desafios está a revisão de novas filiações ao partido. O presidente interino do PT, senador Humberto Costa, revelou que milhares de novos membros ingressaram recentemente e que será necessária uma verificação criteriosa para evitar manipulações no pleito interno. A preocupação central é impedir que grupos externos influenciem a eleição com estratégias pouco transparentes.
Alternativas e cenários futuros
Apesar das resistências a Edinho Silva, outros nomes começam a ganhar força na discussão. Humberto Costa, que ocupa temporariamente a presidência da sigla, passou a ser considerado uma opção de consenso dentro da CNB. No entanto, seu papel no processo de organização eleitoral interno pode dificultar sua candidatura.
Outras correntes minoritárias também apostam em alternativas, como Romênio Pereira, atual secretário de Relações Internacionais do PT, e Rui Falcão, deputado federal por São Paulo e ex-presidente do partido. Já na CNB, um nome que aparece nos bastidores é o de José Guimarães, líder do governo na Câmara.
O desfecho da disputa pela presidência do PT terá impacto direto na condução do partido nos próximos anos, incluindo sua relação com o governo Lula e as estratégias para as eleições de 2026. A pressão para um acordo interno rápido cresce, mas as resistências internas indicam que o racha ainda pode se aprofundar.