A ministra se referiu especificamente às consequências das políticas adotadas pelo governo Trump, que se distanciaram das iniciativas de redução de emissões de gases de efeito estufa e de investimentos em fontes de energia renováveis. Para ela, os posicionamentos de Trump estão atraindo empresas para um retrocesso, ao abandonar compromissos firmados em favor de uma agenda climática mais responsável.
Ações de Trump e impacto na agenda climática mundial
Desde que assumiu a presidência dos Estados Unidos, Donald Trump tem adotado posturas que contradizem os esforços globais de combate às mudanças climáticas. Quando esteve no poder, Trump retirou os EUA do Acordo de Paris e enfraqueceu as regulamentações ambientais internas, criando um ambiente hostil a políticas de sustentabilidade. A decisão de abandonar acordos e programas de ação climática, como o projeto do governo Biden de US$ 430 bilhões para o combate às mudanças climáticas, teve um impacto direto na agenda climática global.
Com a mudança de governo, a gestão de Joe Biden tentou reverter essas ações ao implementar um pacote de investimentos robusto, visando a transição para uma economia mais verde, com foco na redução das emissões de carbono e no fomento à energia renovável. No entanto, segundo Marina Silva, a atuação de Trump, com sua política negacionista, atrapalhou significativamente essa reviravolta. Mesmo sem estar no poder, as atitudes e posturas de Trump continuam a gerar resquícios de influência, especialmente em empresas que resistem às mudanças, priorizando os lucros e a continuidade de práticas prejudiciais ao meio ambiente.
A agenda ESG e o retrocesso das empresas
Outro ponto destacado por Marina Silva foi a reação do setor privado frente a essas políticas anticlímáticas. Muitas empresas, que estavam se beneficiando de subsídios e incentivos fiscais no governo Biden, com um pacote de quase R$ 500 bilhões voltado para o combate à inflação e, ao mesmo tempo, para a implementação de uma agenda climática robusta, agora enfrentam pressões para se adaptar ao retrocesso trazido pelo governo Trump.
Essas grandes corporações, que inicialmente haviam alinhado suas estratégias à agenda ESG, se veem em uma posição desconfortável, divididas entre a adoção de práticas sustentáveis e a pressão para continuar operando dentro dos parâmetros mais permissivos estabelecidos durante a gestão Trump. A agenda ESG, que visa a adoção de práticas empresariais que priorizem o meio ambiente, a responsabilidade social e a boa governança, tem sido vista como um avanço crucial para tornar as empresas mais responsáveis e menos predatórias para o meio ambiente. No entanto, com o retrocesso político nos Estados Unidos, muitas delas estão recuando nas suas decisões, colocando em risco os avanços que vinham sendo feitos.
Marina Silva alerta que a resistência das empresas à mudança é um reflexo direto da influência negativa de Trump, que se manifesta em uma verdadeira "força gravitacional", afastando as empresas da agenda ESG e dificultando a implementação de políticas climáticas mais eficazes. Esse movimento, segundo a ministra, representa um sério risco para a sustentabilidade global, pois enfraquece os esforços já em curso para mitigar os impactos das mudanças climáticas.
O novo multilateralismo sem os EUA na luta contra as mudanças climáticas
Apesar dos desafios impostos pela postura de Trump e da influência negativa que ainda exerce sobre algumas empresas, Marina Silva se mostra otimista quanto ao futuro da agenda climática global. Para ela, embora a ausência dos Estados Unidos seja um grande obstáculo, o multilateralismo na luta contra as mudanças climáticas precisa seguir em frente. A ministra defende que as nações devem aprender a ser mais fortes e autossuficientes, buscando soluções e parcerias fora do âmbito norte-americano.
A ausência dos EUA em acordos multilaterais pode, de fato, ser um desafio, mas também abre espaço para novas lideranças e colaborações internacionais. O Brasil, por exemplo, tem um papel crucial a desempenhar no cenário global, especialmente por meio da preservação da Amazônia e do combate ao desmatamento, que são questões essenciais para o equilíbrio climático mundial. Além disso, países da União Europeia, da Ásia e de outras regiões podem se unir para fortalecer políticas e acordos que busquem reverter os danos causados pelas mudanças climáticas, independentemente da postura dos Estados Unidos.
Em um cenário sem a liderança dos EUA, a pressão sobre as empresas e os governos para tomarem ações mais agressivas contra as mudanças climáticas deve continuar a crescer, impulsionada pela conscientização global sobre a urgência do problema. Marina Silva acredita que, mesmo sem o apoio norte-americano, a comunidade internacional pode formar uma aliança sólida e proativa para avançar nas metas climáticas.
O futuro da luta climática
Embora a atuação de Trump tenha sido um retrocesso significativo, Marina Silva vê a resistência como uma oportunidade para fortalecer o multilateralismo e para reforçar as ações locais e regionais em defesa do meio ambiente. A ministra acredita que, mesmo sem a participação dos EUA, o movimento global contra as mudanças climáticas pode ser mais forte, mais unido e mais capaz de enfrentar os desafios impostos pelo aquecimento global.
O caminho à frente, segundo ela, passa por uma mobilização constante de todos os setores da sociedade — governos, empresas e cidadãos — para garantir um futuro mais sustentável. A luta contra as mudanças climáticas é um desafio global que exige soluções coletivas, e é justamente por meio dessas parcerias e iniciativas conjuntas que o mundo pode superar as adversidades impostas pela política negacionista de Trump.