Uma fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a deputada Gleisi Hoffmann (PT) causou um grande desconforto dentro do governo, especialmente entre as ministras da Esplanada. A declaração, feita durante um evento oficial na última quarta-feira (12), gerou discussões internas, com algumas ministras temendo prejudicar a relação com o presidente, enquanto outras se viam em uma posição difícil sobre como reagir à polêmica.
Discurso Polêmico de Lula e Reações no Governo
O presidente Lula, ao anunciar a substituição de Alexandre Padilha por Gleisi Hoffmann na Secretaria de Relações Institucionais, fez uma afirmação sobre a aparência da deputada, que logo repercutiu nas redes sociais. Em tom descontraído, Lula comentou aos presidentes do Senado e da Câmara: "Coloquei essa mulher bonita para ser ministra de Relações Institucionais, porque não quero mais ter distância de vocês." A fala foi vista como machista por muitos, especialmente dentro do próprio governo.
A reação imediata entre as ministras foi de desconforto, já que elas não sabiam se deveriam criticar Lula abertamente ou se calar, para não gerar um desgaste político. Algumas optaram por manter silêncio, aguardando uma posição oficial de Gleisi Hoffmann sobre o assunto.
A Defesa de Gleisi Hoffmann e a Estratégia do Governo
Após a repercussão da declaração, Gleisi Hoffmann se manifestou, mas em vez de criticar diretamente o presidente, ela direcionou suas palavras contra os apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), acusando-os de machismo e oportunismo. Ela declarou que repudia os ataques de bolsonaristas, chamando-os de “canalhas” e destacou que Lula foi o presidente que mais empoderou as mulheres no Brasil.
Gleisi também lembrou que Lula foi o líder que nomeou a primeira mulher presidente do Brasil e diversas ministras e lideranças femininas em importantes órgãos do governo. Em sua defesa, ela sugeriu que a polêmica sobre a fala de Lula era uma tentativa da oposição de enfraquecer o governo.
Repercussões Entre a Oposição e as Críticas ao Feminismo Seletivo
O episódio gerou reações rápidas na oposição, especialmente entre os aliados de Bolsonaro. A deputada Carla Zambelli (PL-SP) criticou a hipocrisia da esquerda, afirmando que o feminismo adotado pelo governo Lula seria seletivo, já que movimentos feministas ligados à esquerda não se manifestaram com a mesma força em casos semelhantes envolvendo políticos da oposição.
Essa crítica gerou um novo debate sobre a postura de grupos feministas, que muitas vezes exigem posicionamentos firmes contra o machismo, mas que parecem minimizar declarações semelhantes quando vêm de aliados ideológicos.
Impacto Político
Este episódio ocorre em um momento crítico para o governo Lula, que busca reconquistar apoio de setores progressistas e superar a queda em sua popularidade. A fala de Lula pode ser mais um obstáculo em seus esforços para melhorar sua imagem, especialmente se a polêmica continuar a ser discutida.
Porém, a estratégia de Gleisi e do governo de desviar o foco para as críticas a Bolsonaro pode ter sido uma tentativa de minimizar os danos políticos à imagem de Lula dentro de sua base de apoio. O desfecho dessa questão será um fator importante para observar nos próximos dias, especialmente entre as eleitoras feministas que esperam uma postura mais alinhada ao discurso progressista.
Em um cenário em que o feminismo se torna cada vez mais relevante no debate político, a forma como o governo lida com essas questões pode ter um impacto significativo no futuro da presidência de Lula.