Em um cenário de crescente desconfiança com a classe política, duas pesquisas da AtlasIntel, realizadas recentemente, mostraram uma clara tendência entre os brasileiros: o desejo de reduzir a quantidade de políticos no governo. Independentemente de partidos ou ideologias, a população acredita que os políticos têm sido um custo elevado para o país, sem que ofereçam benefícios proporcionais. A insatisfação se estende tanto a ministros quanto a deputados federais, com muitos cidadãos defendendo uma reforma política que reduza a burocracia e os gastos públicos.
A pesquisa mais recente, feita no final de fevereiro, focou na reforma ministerial do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o levantamento, 39,5% dos entrevistados acreditam que a principal prioridade do governo deveria ser a diminuição do número de ministérios, com o objetivo de cortar gastos e reduzir a máquina pública. Atualmente, o governo Lula conta com 39 ministérios, um número que, segundo os críticos, é considerado excessivo diante da situação econômica do país. A ideia de que um número menor de ministérios poderia resultar em maior eficiência e menor custo para o governo ganhou força entre os cidadãos que participaram da pesquisa.
Além da redução do número de ministérios, o levantamento também revelou insatisfações específicas com alguns ministros. O ministro mais rejeitado foi Juscelino Filho, responsável pelas Comunicações, que obteve uma desaprovação de 70%. Juscelino, que pertence ao União Brasil, está sendo investigado pela Polícia Federal por suspeitas de desvio de emendas parlamentares destinadas a asfaltamento de ruas e estradas em sua cidade natal, Vitorino Freire, no Maranhão. Mesmo com as evidências contra ele, o ministro foi mantido no cargo por Lula, o que gerou ainda mais desaprovação por parte da população.
Outro nome na lista de ministros pouco populares é Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial, que ocupa o segundo lugar no ranking de desaprovação. Sua gestão foi marcada por polêmicas e declarações controversas, como quando sugeriu que o governo priorizasse esforços voltados a ciganos e quilombolas nas enchentes do Rio Grande do Sul, ou quando um de seus assessores fez comentários ofensivos sobre a torcida do São Paulo. Esses episódios contribuíram para uma imagem negativa de sua atuação, somando-se a acusações graves envolvendo outros membros do governo, como o ministro Silvio Almeida, acusado de assédio sexual.
Porém, a insatisfação com a política brasileira não se limita aos ministros. Uma outra pesquisa da AtlasIntel, realizada no início de fevereiro, revelou que a maioria dos brasileiros também se opõe à proposta de aumentar o número de deputados federais, defendida por algumas autoridades, como o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos). Motta sugeriu que o aumento no número de congressistas seria necessário para ajustar a representatividade política de acordo com o novo censo populacional. Ele defendeu que os estados com crescimento populacional teriam o direito de eleger mais deputados, mas a proposta foi amplamente rejeitada pela população.
A rejeição ao aumento do número de deputados está diretamente ligada à percepção de que a ampliação do Congresso não traria benefícios tangíveis para a sociedade, mas apenas aumentaria os gastos públicos. Para muitos, a crise financeira que o Brasil enfrenta exige uma reestruturação dos custos do governo, e aumentar a quantidade de representantes políticos não é uma medida que contribuiria para a melhoria dos serviços públicos ou do processo legislativo.
As pesquisas revelam um cenário de crescente insatisfação com a política brasileira e um clamor por mudanças estruturais no sistema governamental. A população parece estar cada vez mais ciente do custo elevado que a classe política representa para o país, sem que isso se traduza em benefícios reais para a sociedade. A ideia de "menos políticos" reflete um desejo de simplificação da máquina pública, que, aos olhos dos brasileiros, se tornou excessivamente inchada e ineficiente.
A situação está longe de ser simples. Se, por um lado, a população pede uma redução dos gastos públicos, por outro, a classe política continua a defender a manutenção de seus privilégios e a ampliação de sua representatividade. Nesse contexto, a proposta de aumentar o número de deputados é vista por muitos como uma tentativa de beneficiar os próprios políticos, sem levar em consideração as necessidades reais da população.
O governo Lula e outros membros da classe política terão que lidar com essa crescente pressão popular por mudanças, e isso pode refletir diretamente nas próximas eleições e nas decisões políticas a serem tomadas. A ideia de "menos políticos" já começa a ganhar força nas discussões públicas, e é possível que ela se torne uma bandeira de movimentos políticos que buscam alterar o atual modelo de governança no Brasil.
Em resumo, as pesquisas da AtlasIntel apontam para um claro descontentamento com o sistema político brasileiro. O Brasil parece estar chegando a um ponto de inflexão, onde os cidadãos exigem mudanças reais, e a classe política precisa repensar sua atuação. A reforma ministerial e a proposta de aumento do número de deputados são apenas alguns exemplos das tensões entre a população e os políticos, que, ao que tudo indica, estão mais distantes do que nunca das reais necessidades e demandas da sociedade.