O governo brasileiro tem trabalhado para ajustar sua estratégia de comunicação em resposta às novas medidas comerciais anunciadas por Donald Trump que impactam diretamente o Brasil. A articulação para alinhar o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de seus ministros está sendo conduzida pelo novo ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Sidônio Palmeira. Sua principal diretriz é evitar qualquer reação precipitada que possa acirrar tensões e prejudicar as negociações futuras.
Desde que assumiu a Secom, Sidônio Palmeira tem se dedicado a coordenar a forma como o governo se posiciona publicamente diante de desafios internacionais. Com a decisão de Trump de sobretaxar o aço e o alumínio brasileiros, a orientação dentro do Planalto tem sido de moderação e estratégia. O ministro tem reforçado junto aos colegas que rebater as declarações do ex-presidente norte-americano com discursos inflamados ou com retaliações comerciais não seria benéfico para o Brasil. Segundo ele, um protecionismo duplo – de ambos os lados – apenas ampliaria as dificuldades econômicas e prejudicaria setores estratégicos da economia nacional.
A recomendação de Sidônio tem sido clara: adotar uma postura de prudência e diplomacia. O governo tem até março, quando as sobretaxas entrarão em vigor, para negociar alternativas que minimizem os impactos para as indústrias brasileiras. Enquanto isso, o foco deve ser evitar confrontos desnecessários com os Estados Unidos.
Um exemplo positivo dessa abordagem, segundo Sidônio, foi a manifestação do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Em declarações à imprensa, Padilha enfatizou que guerras comerciais não favorecem ninguém e que a prioridade do governo brasileiro é manter o diálogo aberto com os norte-americanos. O tom adotado por Padilha foi elogiado nos bastidores do Planalto, sendo considerado um modelo a ser seguido por outros ministros ao tratarem do tema.
A decisão de Trump de aplicar sobretaxas ao aço brasileiro representa um desafio significativo para o país, que há anos tem o setor siderúrgico como um dos pilares de sua economia. O Brasil é um dos principais fornecedores desse insumo para os Estados Unidos, e medidas protecionistas como essa impactam diretamente a competitividade das empresas nacionais. Diante desse cenário, a gestão Lula busca equilibrar firmeza na defesa dos interesses do país com cautela para evitar desgastes diplomáticos.
Nos bastidores do governo, há o entendimento de que reações impulsivas poderiam dificultar ainda mais as tratativas com Washington. O próprio presidente Lula tem sido aconselhado a evitar declarações que possam ser interpretadas como confrontativas. A estratégia atual se baseia na construção de uma narrativa que enfatize os impactos negativos das sobretaxas para ambos os lados, reforçando que um bom relacionamento comercial entre Brasil e Estados Unidos é benéfico para as duas nações.
Sidônio Palmeira, que possui uma trajetória consolidada na comunicação política, tem desempenhado um papel essencial nessa condução. Sua experiência em campanhas eleitorais e na gestão de crises tem sido um diferencial na forma como o governo tem lidado com o tema. Desde que assumiu a Secom, ele tem trabalhado para fortalecer a unidade discursiva do governo, garantindo que as falas de ministros e do próprio presidente sigam uma mesma linha estratégica.
Além da questão comercial, a comunicação do governo também se preocupa com o impacto das decisões de Trump no cenário político interno. A gestão Lula busca evitar que o tema seja explorado por opositores como uma suposta fraqueza diplomática. A abordagem cautelosa visa demonstrar que o Brasil está preparado para negociar e defender seus interesses sem recorrer a embates desnecessários.
A expectativa dentro do Planalto é de que, até março, o Brasil consiga avanços nas negociações e minimize os prejuízos causados pela medida. Paralelamente, há um esforço para mobilizar setores da indústria e diplomacia a fim de reforçar a importância do Brasil como parceiro estratégico para os Estados Unidos.
A condução desse processo será um teste para a Secom sob o comando de Sidônio Palmeira. Seu trabalho de alinhamento interno e de gerenciamento da comunicação externa será fundamental para definir a percepção pública sobre a resposta do governo à medida de Trump. Até lá, a ordem é manter a serenidade, fortalecer os canais diplomáticos e evitar declarações que possam gerar mais tensão.