O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a se manifestar sobre a situação na Faixa de Gaza e criticou o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por suas declarações sobre o conflito. Em entrevista a rádios nesta quarta-feira (5), Lula classificou os ataques israelenses como um “genocídio” e afirmou que a reconstrução da região deve ser conduzida pelos próprios palestinos, e não por Washington ou Tel Aviv.
Para o presidente brasileiro, a ideia de que os Estados Unidos possam liderar a recuperação de Gaza é inaceitável. Lula destacou o apoio norte-americano a Israel durante a ofensiva contra o Hamas e questionou a legitimidade dos EUA em querer intervir na reconstrução do território. Segundo ele, os palestinos foram os maiores prejudicados pelo conflito e, portanto, devem ser os responsáveis pelo futuro da região.
A declaração de Lula veio após o encontro entre Trump e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ocorrido na terça-feira (4). Durante a reunião, Trump teria sinalizado apoio à reconstrução de Gaza sob influência dos Estados Unidos e de Israel. Para Lula, esse posicionamento ignora os direitos do povo palestino. “Os palestinos vão para onde? Onde é que eles vão viver? Qual é o país deles?”, questionou.
O presidente brasileiro demonstrou indignação com o que considera uma postura arbitrária dos EUA em relação ao Oriente Médio. “É uma coisa praticamente incompreensível por qualquer ser humano. Acho que as pessoas precisam parar de falar aquilo que vem na cabeça e começar a falar aquilo que é razoável”, disse.
Lula reforçou sua posição de que os palestinos devem ter autonomia sobre seu território e receber apoio para reconstruir suas casas, escolas e hospitais destruídos pelos ataques. “O que aconteceu em Gaza foi um genocídio, e eu sinceramente não sei se os Estados Unidos, que fazem parte de tudo isso, seriam o país para tentar cuidar de Gaza. Quem tem de cuidar de Gaza são os palestinos. O que eles precisam é ter uma reparação de tudo aquilo que foi destruído para que possam reconstruir suas vidas com dignidade e respeito”, declarou.
Além da crise no Oriente Médio, Lula também abordou a situação dos brasileiros deportados dos Estados Unidos. O presidente fez questão de ressaltar que o governo brasileiro trata esses cidadãos como repatriados, destacando que muitos foram para os EUA em busca de uma vida melhor e foram aceitos pelo governo norte-americano.
No entanto, Lula criticou duramente as condições em que essas pessoas foram devolvidas ao Brasil. Ele relatou problemas no voo de deportação e denunciou que os brasileiros estavam acorrentados ao desembarcarem. “Mais grave foi que o avião teve problema na pressurização. E aí as pessoas estavam acorrentadas para descer do avião, e eles queriam levá-las acorrentadas para Minas Gerais”, revelou.
O presidente também ressaltou que, enquanto esses cidadãos estavam no território americano, estavam sujeitos às leis dos EUA. No entanto, ao chegarem ao Brasil, deveriam ser tratados de acordo com a legislação nacional. “Quando eles chegam ao território nacional e o avião abre a porta, eles passam a estar sob a legislação brasileira, e nós vamos cuidar. Vamos cuidar com muito carinho, porque queremos que os brasileiros sejam respeitados”, afirmou.
Lula fez questão de esclarecer que essa situação não é uma consequência direta de Trump, mas sim de um sistema que muitas vezes trata os imigrantes de forma desumana. Ainda assim, criticou o endurecimento das políticas migratórias americanas e defendeu que o Brasil tenha uma posição firme em relação à proteção de seus cidadãos no exterior.
O posicionamento do presidente brasileiro reforça sua postura crítica em relação ao tratamento dado pelos Estados Unidos a diversos temas internacionais. Tanto na questão da Faixa de Gaza quanto no caso dos deportados, Lula destacou a necessidade de respeito à soberania dos povos e ao direito à dignidade humana.
As declarações de Lula certamente devem repercutir no cenário internacional, principalmente entre os países envolvidos no conflito no Oriente Médio. O Brasil tem buscado manter uma política externa equilibrada, mas o presidente tem sido cada vez mais enfático em suas críticas a ações que considera injustas.
Ao se manifestar sobre Gaza, Lula reforçou a posição do Brasil em defesa dos direitos dos palestinos e contra a ocupação israelense. Seu discurso alinha-se a uma visão que tem sido defendida por diversos países e organizações internacionais, que condenam a destruição e as mortes causadas pelos bombardeios em Gaza.
Sobre os deportados, a postura do presidente reflete uma preocupação com a dignidade dos brasileiros que tentam buscar melhores condições de vida no exterior. O governo brasileiro já indicou que buscará formas de proteger seus cidadãos diante de políticas migratórias mais rígidas de países como os EUA.
Lula segue adotando um tom forte em temas internacionais, o que pode gerar reações de diferentes atores políticos. Enquanto seus aliados defendem a ênfase na defesa dos direitos humanos e na autodeterminação dos povos, críticos podem argumentar que suas declarações tensionam as relações do Brasil com nações estratégicas.
Ainda assim, o presidente mantém sua posição e reforça que seu compromisso principal é com a justiça social e o respeito aos direitos fundamentais, tanto no Brasil quanto no cenário global.