Em uma recente entrevista, o ex-presidente Jair Bolsonaro fez duras críticas ao ministro Alexandre de Moraes e ao inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado. Sem poupar palavras, Bolsonaro reafirmou sua posição e questionou a narrativa que tem sido construída contra ele, classificando a investigação como infundada e motivada por interesses políticos.
Durante a conversa, Bolsonaro foi questionado sobre o inquérito conduzido pelo Supremo Tribunal Federal e respondeu de maneira direta e incisiva. Ele ironizou a tese de golpe ao afirmar que não houve qualquer movimentação militar para sustentar a acusação. “O golpe só tá na cabeça de um cara. Que golpe é esse que não teve tropa na rua?”, declarou, sugerindo que a investigação carece de provas concretas. Para o ex-presidente, o que está em curso é uma tentativa de afastá-lo definitivamente da política, inviabilizando sua participação nas próximas eleições.
O ex-mandatário também afirmou que sua inelegibilidade faz parte de uma estratégia maior para impedir seu retorno ao poder. Condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral, Bolsonaro está impedido de disputar eleições até 2030. No entanto, ele demonstrou confiança de que essa decisão pode ser revertida. “A gente tem como reverter, por pressão popular, essa inelegibilidade”, declarou, indicando que aposta na mobilização de seus apoiadores como principal ferramenta para mudar o cenário.
A entrevista repercutiu amplamente e reacendeu debates entre aliados e opositores. Seus apoiadores enxergam a investigação como uma manobra para afastá-lo das eleições de 2026, enquanto seus críticos apontam que há indícios suficientes para que o inquérito siga adiante. O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, tem sido um dos principais alvos de Bolsonaro e de seus seguidores. O ex-presidente já foi incluído em diversos inquéritos conduzidos pelo Supremo, como o das fake news e o das milícias digitais. Agora, com as investigações sobre a tentativa de golpe, a tensão entre os dois atinge um novo patamar.
A investigação busca determinar se Bolsonaro e seus aliados articularam uma estratégia para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva após as eleições de 2022. Há suspeitas de que ele tenha incentivado manifestações golpistas e buscado apoio entre militares para contestar o resultado das urnas. O caso ganhou novos contornos após delações e apreensões realizadas pela Polícia Federal, que indicam que o ex-presidente e pessoas próximas discutiram a possibilidade de um golpe de Estado.
Apesar do avanço das investigações, Bolsonaro continua negando qualquer envolvimento em um plano para permanecer no poder. Ele e seus aliados argumentam que, se houvesse uma tentativa real de golpe, ela teria sido visível por meio de movimentações militares e ações concretas, o que, segundo eles, não ocorreu. Essa linha de defesa tem sido amplamente adotada por parlamentares e figuras ligadas ao ex-presidente, que classificam a investigação como parte de um esforço maior para criminalizá-lo e afastá-lo definitivamente do cenário político.
Nos últimos meses, a inelegibilidade de Bolsonaro tem sido um dos temas centrais da política nacional. Mesmo fora da disputa eleitoral até 2030, o ex-presidente segue ativo politicamente e busca formas de reverter sua situação. Nos bastidores, há discussões sobre uma possível revisão da condenação, especialmente se houver forte pressão popular.
O ex-presidente mantém uma base de apoio considerável e tem participado de diversos eventos políticos, reforçando a narrativa de que é alvo de perseguição. Ele sustenta que sua inelegibilidade foi determinada para impedir que a direita retorne ao poder nas próximas eleições. Para seus seguidores, a mobilização popular será fundamental para pressionar as instituições e viabilizar um cenário em que Bolsonaro possa voltar a disputar cargos eletivos.
Por outro lado, especialistas e juristas argumentam que as investigações não são apenas fruto de uma disputa política, mas se baseiam em elementos concretos coletados ao longo dos últimos meses. Eles afirmam que há indícios suficientes para justificar a continuidade do inquérito e que o ex-presidente pode enfrentar novas complicações jurídicas caso mais provas sejam apresentadas.
O cenário político segue polarizado. De um lado, Bolsonaro e seus aliados tentam mobilizar sua base e pressionar as instituições para reverter sua inelegibilidade. De outro, os ministros do Supremo Tribunal Federal e demais autoridades da Justiça mantêm o posicionamento de que as investigações devem prosseguir até que todos os fatos sejam esclarecidos e eventuais responsáveis sejam punidos.
A relação entre Bolsonaro e o Judiciário, especialmente com Alexandre de Moraes, continua sendo um dos pontos centrais desse embate. A troca de acusações e o endurecimento do discurso indicam que a disputa deve se prolongar pelos próximos meses, podendo influenciar diretamente o cenário eleitoral de 2026.
A entrevista do ex-presidente reforça sua estratégia de se posicionar como vítima de perseguição e de manter viva a mobilização de sua base. Enquanto isso, a Justiça avança com as investigações, que podem trazer novos desdobramentos e definir o futuro político de Bolsonaro.
Nos próximos meses, o andamento do inquérito e as reações da base bolsonarista poderão determinar os rumos desse confronto. Bolsonaro aposta na força de sua militância para pressionar as instituições, enquanto o Supremo Tribunal Federal segue conduzindo as apurações para esclarecer o que de fato ocorreu nos bastidores da transição de governo. O desfecho desse impasse ainda é incerto, mas uma coisa é evidente: a disputa entre Bolsonaro e o Judiciário está longe de acabar.