Golpe, Pressão Militar e Conspiração: O Que Mauro Cid Revelou Sobre Bolsonaro

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O ex-ajudante de ordens da Presidência da República, Mauro Cid, revelou detalhes impactantes sobre os bastidores do governo de Jair Bolsonaro e os acontecimentos que marcaram o período pós-eleitoral de 2022. Após meses de especulações, o conteúdo de sua delação veio à tona, revelando os bastidores da relação entre Cid e Bolsonaro, além das movimentações que teriam ocorrido nos meses seguintes à derrota nas urnas.

Mauro Cid afirmou que sua vida girava completamente em torno do ex-presidente, descrevendo sua rotina como imersa no universo de Bolsonaro. Com acesso direto às decisões e reuniões estratégicas, Cid tornou-se peça fundamental na investigação sobre a suposta tentativa de golpe de Estado. Em depoimento à Polícia Federal, ele mencionou que Bolsonaro recebia visitas constantes de diferentes grupos que opinavam sobre os rumos a serem tomados após a derrota eleitoral.

Esses grupos se dividiam em três frentes. O primeiro, mais moderado, sugeria que Bolsonaro aceitasse o resultado e se consolidasse como líder da oposição. O segundo, composto por militares, alertava que qualquer tentativa de ruptura poderia resultar em um regime militar prolongado. Já o terceiro grupo, mais radical, defendia o uso da força para reverter o resultado das eleições. Entre os nomes citados nesse grupo estavam figuras como Onyx Lorenzoni, Eduardo Bolsonaro e Michelle Bolsonaro.

Entre as revelações mais impactantes da delação, Cid afirmou que Bolsonaro teria editado uma minuta de golpe. O documento, inicialmente apresentado por um jurista e pelo ex-assessor Felipe Martins, incluía diversas justificativas para justificar uma intervenção, culminando na prisão de opositores e na convocação de novas eleições. De acordo com Cid, Bolsonaro manteve apenas a prisão do ministro Alexandre de Moraes e a realização de um novo pleito.

Além disso, Cid detalhou um encontro realizado em 7 de dezembro de 2022, no qual Bolsonaro apresentou o documento a comandantes das Forças Armadas. Segundo ele, o ex-presidente buscava medir a reação dos militares, enquanto Felipe Martins explicava os detalhes do plano. Durante a reunião, Bolsonaro tentou pressionar os generais para obter apoio, mas não obteve unanimidade. O então comandante do Exército, Freire Gomes, revelou posteriormente que apenas o comandante da Marinha teria demonstrado simpatia pelo plano.

Outra revelação importante de Cid foi a estratégia de manter acampamentos de apoiadores em frente aos quartéis. Ele relatou que Bolsonaro não queria que os manifestantes deixassem as ruas, pois acreditava que encontraria indícios de fraude nas urnas eletrônicas e precisava de apoio popular para sustentar sua narrativa. Para isso, teria determinado que as Forças Armadas emitissem uma nota permitindo a continuidade dos acampamentos.

Durante uma audiência realizada em novembro de 2024, o ministro Alexandre de Moraes questionou diretamente Cid sobre essa decisão. O ex-ajudante de ordens confirmou que a nota foi uma determinação direta de Bolsonaro, reforçando o papel do ex-presidente na mobilização dos protestos.

Cid também revelou que Bolsonaro pressionava o Ministério da Defesa para elaborar um relatório que colocasse em dúvida a segurança das urnas eletrônicas. O objetivo era criar um documento crítico ao sistema eleitoral, sustentando a tese de fraude e fortalecendo sua narrativa perante seus apoiadores. Essa estratégia foi central para manter viva a contestação ao resultado das eleições e alimentar a insatisfação popular.

As revelações contidas na delação de Mauro Cid lançam luz sobre os bastidores do governo Bolsonaro e os eventos que se desenrolaram após sua derrota eleitoral. A proximidade entre o ex-ajudante de ordens e o ex-presidente confere um peso significativo às informações apresentadas, que agora se tornam parte essencial das investigações conduzidas pelo Supremo Tribunal Federal e pela Polícia Federal. Conforme novas apurações avançam, cresce a expectativa sobre as possíveis implicações políticas e jurídicas para os envolvidos.

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