Ex-diretor-geral da PRF de Bolsonaro se filia ao PSD de Kassab

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O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, anunciou sua filiação ao Partido Social Democrático (PSD), legenda comandada nacionalmente por Gilberto Kassab. O movimento ocorre em um momento de reconfiguração política em Santa Catarina e marca a aproximação do partido com nomes ligados ao bolsonarismo. O anúncio foi feito ao lado do prefeito de Chapecó, João Rodrigues, que já desponta como pré-candidato ao governo estadual em 2026.


Atualmente, Vasques ocupa o cargo de Secretário de Desenvolvimento Econômico na Prefeitura de São José, município administrado por Orvino Coelho de Ávila, também do PSD. A filiação do ex-diretor da PRF à sigla fortalece a presença da direita no partido e amplia sua influência no cenário político catarinense.


A decisão de Vasques de ingressar no PSD veio após ele enfrentar dificuldades para consolidar sua candidatura à prefeitura de São José. Inicialmente, ele tinha planos de disputar o cargo, mas acabou sendo preterido pela legenda, que escolheu Adeliana Dal Ponte como principal aposta para a disputa municipal. Dal Ponte, que faz parte do partido, chegou a ser publicamente repreendida por Jair Bolsonaro, evidenciando divergências internas dentro do espectro da direita no estado.


Vasques já teve passagem pelo Partido Liberal (PL), sigla à qual Bolsonaro é filiado, mas sua permanência na legenda foi breve. A falta de espaço no governo de Jorginho Mello, atual governador de Santa Catarina, foi um dos principais motivos que o levaram a buscar nova filiação. O alinhamento de Vasques com o PSD reflete um movimento estratégico de recomposição política, especialmente para aqueles que buscam uma alternativa de projeção dentro do bolsonarismo, sem necessariamente estar no PL.


Ao oficializar sua filiação, Vasques enfatizou que sua escolha pelo PSD não significa um rompimento com Bolsonaro. Segundo ele, a presença da direita no partido segue forte, especialmente com lideranças como João Rodrigues, um dos principais defensores do ex-presidente em Santa Catarina. Em sua declaração, o prefeito de Chapecó reforçou essa proximidade, afirmando que Bolsonaro tem aliados fiéis no estado e que ele próprio é um deles.


Apesar dessa nova movimentação na política catarinense, o nome de Silvinei Vasques ainda carrega polêmicas recentes. O ex-diretor da PRF foi indiciado pela Polícia Federal (PF) no inquérito que investigou operações de trânsito realizadas no segundo turno das eleições de 2022. Segundo as apurações, ele e o então ministro da Justiça, Anderson Torres, teriam ordenado bloqueios em regiões com maior tendência de votos para Luiz Inácio Lula da Silva, então candidato do PT.


A investigação apontou que, no dia 30 de outubro, quando ocorreu o segundo turno das eleições, a PRF realizou um número significativamente maior de operações de fiscalização do que no primeiro turno. Além disso, quase metade dessas operações foram concentradas no Nordeste, região onde Lula teve um desempenho expressivo nas urnas. De acordo com os dados levantados, aproximadamente 300 ônibus foram abordados, o que levantou suspeitas de interferência no processo eleitoral.


Na véspera da eleição, Vasques também se envolveu em outra controvérsia ao publicar, em suas redes sociais, uma imagem pedindo votos para Bolsonaro. O episódio gerou grande repercussão, pois ele ocupava um cargo de chefia em um órgão federal e, teoricamente, deveria manter a imparcialidade. Como resultado das investigações, Vasques chegou a ser preso preventivamente por um ano, sendo libertado apenas em agosto do ano passado. Entre os crimes pelos quais ele é investigado estão prevaricação, violência política e impedimento ao exercício do voto.


Mesmo diante dessas questões judiciais, a chegada de Vasques ao PSD representa um reforço importante para o partido na consolidação de sua presença entre os apoiadores de Bolsonaro. A sigla, que em Santa Catarina já se posicionava como uma força da direita, ganha ainda mais relevância com a entrada de figuras ligadas ao ex-presidente.


A movimentação política catarinense também se insere em um contexto nacional de reestruturação das forças conservadoras. Com Bolsonaro inelegível até 2030, aliados próximos buscam caminhos alternativos para manter sua influência. O PSD, que já abriga políticos alinhados ao ex-presidente, se torna uma opção viável para aqueles que querem preservar essa identidade política sem, necessariamente, permanecer no PL.


Para o cenário estadual, a filiação de Vasques reforça a pré-candidatura de João Rodrigues ao governo catarinense. O prefeito de Chapecó tem se colocado como um dos principais nomes da direita no estado e conta com a simpatia do eleitorado bolsonarista. Seu alinhamento com Kassab, que possui uma postura pragmática na política nacional, pode representar um diferencial na disputa de 2026.


No entanto, a relação entre o bolsonarismo e o PSD não é isenta de desafios. Apesar do crescimento do partido na direita, parte da base conservadora ainda enxerga Kassab com desconfiança devido a sua trajetória política marcada por alianças diversas ao longo dos anos. O futuro dessa aproximação dependerá da habilidade dos novos filiados em conciliar a identidade bolsonarista com a estrutura partidária do PSD.


Enquanto isso, Vasques segue focado em seu papel na Prefeitura de São José, onde tem buscado ampliar sua atuação na área econômica. Sua entrada no partido pode representar um novo fôlego para suas ambições políticas, especialmente em futuras disputas no estado. A escolha pelo PSD, portanto, não apenas o recoloca no tabuleiro eleitoral, mas também reforça o crescimento da sigla no espectro conservador de Santa Catarina.

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