Bolsonaro ignora ameaças da PGR e prepara contra-ataque no Congresso

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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) participa nesta terça-feira, 18, de um almoço com senadores da oposição no Congresso Nacional. O encontro ocorre em um momento delicado, já que a Procuradoria-Geral da República (PGR) se prepara para apresentar denúncias contra o ex-mandatário. Segundo informações divulgadas pelo jornal Folha de S.Paulo, a reunião faz parte de uma articulação da ala conservadora do Parlamento, que busca fortalecer sua atuação diante das investigações que envolvem Bolsonaro e seu círculo próximo.


A presença do ex-presidente no Senado acontece em meio a movimentações estratégicas da oposição. Além do almoço com aliados, a Casa Legislativa vive um momento de reconfiguração de forças. Na quarta-feira, 19, o senador Flávio Bolsonaro (PL) deve ser confirmado como presidente da Comissão de Segurança Pública, consolidando ainda mais sua influência no setor. Já a senadora Damares Alves (Republicanos) deve assumir a presidência da Comissão de Direitos Humanos, reforçando a posição da bancada conservadora no Senado. Essas mudanças ocorrem em um cenário no qual a oposição busca se reorganizar e aumentar seu protagonismo político.


Enquanto Bolsonaro se reúne com parlamentares, a PGR avança na investigação sobre sua suposta participação nos eventos de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas por manifestantes. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, pretende apresentar até sexta-feira, 21, a primeira leva de denúncias relacionadas ao caso. Segundo apurações, Bolsonaro deve ser apontado como o mentor intelectual dos ataques, em linha com o indiciamento feito anteriormente pela Polícia Federal. A denúncia pode incluir crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado e organização criminosa.


A iminente formalização das acusações coloca Bolsonaro e seus aliados em estado de alerta. Assessores do ex-presidente acreditam que as denúncias terão um impacto direto em sua base de apoio, podendo influenciar o cenário político nos próximos meses. Nos bastidores, aliados já discutem estratégias para reagir à ofensiva da PGR, incluindo discursos mais duros contra o governo e mobilizações populares para reforçar a narrativa de perseguição política.


Nos últimos dias, Bolsonaro tem buscado reforçar sua presença pública e reafirmar sua liderança entre os opositores do governo Lula. Na segunda-feira, 17, o ex-presidente divulgou um vídeo em suas redes sociais convocando seus apoiadores para manifestações no dia 16 de março. No vídeo, ele enfatiza que o protesto não tem como pauta o impeachment imediato de Lula, mas sim a defesa da liberdade de expressão, segurança, redução do custo de vida e a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Além disso, Bolsonaro introduziu o slogan “Fora Lula 2026”, sugerindo que sua estratégia se volta para a próxima disputa presidencial.


A convocação das manifestações tem como principal objetivo mobilizar a base bolsonarista e mostrar força política diante dos desafios judiciais que o ex-presidente enfrenta. Nos últimos meses, Bolsonaro tem evitado confrontos diretos sobre um possível impeachment de Lula, preferindo focar no discurso de oposição sistemática e na construção de uma alternativa eleitoral para 2026. A aposta é que a mobilização popular funcione como uma demonstração de força, além de uma tentativa de pressionar as instituições a reverem processos e investigações contra ele e seus aliados.


No Senado, a oposição vê a denúncia contra Bolsonaro como um ponto de inflexão na disputa política. Parlamentares aliados acreditam que o avanço do processo pode impactar a composição do Congresso e influenciar futuras votações. O grupo que se alinha ao ex-presidente pretende usar a tribuna para contestar as acusações e reforçar a tese de que há um viés político nas investigações. Entre os temas que devem ser abordados pelos senadores conservadores estão a seletividade do Judiciário e a necessidade de uma maior transparência nos processos conduzidos pela PGR.


Diante desse cenário, Bolsonaro se movimenta para manter sua influência na direita brasileira. A escolha de Flávio Bolsonaro para a Comissão de Segurança Pública é vista como uma estratégia para consolidar o discurso da defesa da lei e da ordem, um dos principais pilares do bolsonarismo. Já a indicação de Damares Alves para a Comissão de Direitos Humanos simboliza a continuidade da pauta conservadora em temas como liberdade religiosa, combate à ideologia de gênero e fortalecimento dos valores tradicionais.


As próximas semanas serão decisivas para o futuro político de Bolsonaro. Com a iminência da denúncia da PGR e a crescente articulação da oposição no Congresso, o ex-presidente precisará equilibrar sua atuação entre a defesa jurídica e a manutenção de sua base eleitoral. A resposta da sociedade às manifestações convocadas para março também será um termômetro importante para medir a força do bolsonarismo no atual cenário político.


Se a denúncia avançar no Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro pode enfrentar uma situação jurídica ainda mais delicada. Caso as acusações sejam aceitas pela Corte, ele poderá ser formalmente réu, o que abriria um novo capítulo na batalha judicial envolvendo o ex-presidente. A possibilidade de medidas mais duras, como restrições legais e inabilitação política, também está no radar de analistas políticos. Por outro lado, uma rejeição da denúncia poderia fortalecer sua narrativa de perseguição e impulsionar ainda mais sua mobilização popular.


No campo governista, há uma expectativa sobre o impacto político da denúncia. Aliados de Lula avaliam que um desgaste prolongado de Bolsonaro pode beneficiar o governo, ao desarticular a oposição e enfraquecer a liderança do ex-presidente sobre a direita. No entanto, há o receio de que a radicalização do discurso bolsonarista possa gerar um novo ciclo de instabilidade política no país.


Enquanto as investigações avançam, Bolsonaro continua sua ofensiva para manter sua relevância no cenário político. Seu encontro com a oposição no Senado marca mais um capítulo de sua estratégia para enfrentar os desafios que surgem no horizonte. A relação entre o ex-presidente e seus aliados no Congresso será fundamental para definir os rumos da direita nos próximos anos e determinar se Bolsonaro conseguirá resistir ao cerco jurídico e político que se desenha contra ele.


Nos próximos dias, o cenário deve se tornar ainda mais intenso, com desdobramentos tanto no Judiciário quanto no Legislativo. A confirmação de Flávio Bolsonaro e Damares Alves em postos-chave no Senado pode representar um novo fôlego para o bolsonarismo no Congresso. Ao mesmo tempo, a resposta da PGR e do STF às denúncias contra o ex-presidente será crucial para determinar o impacto desse episódio na política nacional. Com as eleições de 2026 ainda distantes, Bolsonaro segue se movimentando para manter sua influência e garantir que sua voz continue ecoando na arena política brasileira.

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