Com o Brasil se aproximando das eleições presidenciais de 2026, o cenário político começa a se aquecer, e os nomes dos possíveis candidatos começam a circular cada vez mais entre aliados, opositores e eleitores. Faltando cerca de dois anos para o pleito, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a ser um dos principais personagens das discussões políticas, embora esteja inelegível por uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mesmo com o obstáculo da inelegibilidade, Bolsonaro não descarta a possibilidade de reverter essa decisão para tentar retomar a presidência, alimentando a ideia de ser o representante da direita nas urnas.
Em entrevista recente à CNN Brasil, Bolsonaro afirmou que sua vontade de voltar à presidência se baseia em sua “paixão pelo Brasil”, um sentimento que o impulsiona a lutar pela reversão de sua situação jurídica. O ex-presidente afirmou que, se conseguir alterar sua inelegibilidade, pretende disputar novamente o cargo mais alto do país. Seu discurso, que visa consolidar a presença da direita no poder, mexe com as expectativas de seus seguidores, mas também provoca discussões no seio da política nacional, pois outros nomes começam a se lançar para a disputa pela presidência.
A situação de Bolsonaro é particularmente interessante, já que sua iminente reaproximação com o eleitorado de direita torna a disputa mais dinâmica. Outros políticos, que por ora se veem como alternativas ao ex-presidente, começam a surgir como possíveis pré-candidatos. Entre esses, destaca-se o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), que afirmou que iniciará uma série de viagens pelo Brasil a partir de março de 2025, com o objetivo de construir sua base eleitoral para a corrida presidencial. Bolsonaro, em sua entrevista, não demonstrou grande entusiasmo com a candidatura de Caiado, embora o elogiasse pelo trabalho realizado em Goiás. Segundo o ex-presidente, o nome de Caiado ainda não ganha visibilidade fora de seu estado e, sem uma projeção nacional, não conseguiria competir efetivamente na eleição.
Outro nome que circula nos bastidores como possível representante da direita é o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). O ex-ministro da Infraestrutura já foi questionado diversas vezes sobre a possibilidade de se candidatar à presidência, mas tem se mostrado relutante, insistindo que o candidato deve ser Bolsonaro. Apesar disso, Bolsonaro, em sua avaliação, considera Tarcísio um “excelente gestor”, porém ressalta a necessidade de uma conversa com o povo para entender se ele está realmente maduro para representar a direita de maneira efetiva. Isso indica que, por mais que o governador de São Paulo tenha a confiança de uma parcela significativa do eleitorado, ainda falta algo para que sua candidatura se torne viável aos olhos de Bolsonaro.
Na mesma linha, o nome de Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais, também foi ventilado por algumas correntes políticas. No entanto, Zema já afirmou publicamente que não tem “nenhuma pretensão” de se lançar à presidência, o que faz com que o ex-presidente o veja mais como um bom administrador do que como uma real alternativa para a corrida presidencial. Mesmo assim, Bolsonaro não escondeu sua admiração pela administração de Zema, embora tenha afirmado que ele ainda é pouco conhecido fora de Minas Gerais, o que, em sua opinião, prejudicaria a sua candidatura a um cargo tão grande quanto o de presidente.
Um nome que gerou controvérsia entre Bolsonaro e seus aliados foi o do empresário Pablo Marçal (PRTB). Marçal, que já disputou a Prefeitura de São Paulo em 2024, tem um histórico de apoio a Bolsonaro, mas, após a eleição municipal, a relação entre ambos se desgastou. Marçal se colocou como pré-candidato à presidência, mas, segundo Bolsonaro, ele “tem um baita potencial”, porém precisa se controlar. A relação entre eles, que já foi próxima, esfriou após o ex-presidente ter decidido apoiar outro candidato na eleição paulistana. Em tom de crítica, Bolsonaro afirmou que evita conversar sobre Marçal, o descrevendo como uma “carta fora do baralho” para 2026.
Em meio a essas disputas internas, o nome de alguns familiares de Bolsonaro também começou a ser considerado para a corrida presidencial. Os filhos do ex-presidente, Eduardo e Flávio Bolsonaro, e sua esposa, Michelle Bolsonaro, são vistos como alternativas interessantes, principalmente para o eleitorado conservador e de direita. Bolsonaro, ao comentar sobre seus filhos, destacou que ambos possuem maturidade política e experiência suficiente para almejar cargos importantes. Ele ressaltou o “vastíssimo conhecimento de mundo” de Eduardo Bolsonaro, um dos principais defensores de políticas conservadoras no Congresso, e afirmou que ambos podem ser opções viáveis para representar a direita nas eleições de 2026.
Michelle Bolsonaro, por sua vez, é outra figura que tem atraído atenção no cenário político. A ex-primeira-dama tem conquistado simpatia de vários setores da sociedade, e sua popularidade pode ser um fator importante em uma possível candidatura à presidência. Bolsonaro brincou, durante a entrevista, que a ida de Michelle à posse de Donald Trump nos Estados Unidos pode trazer “uma popularidade enorme” à ex-primeira-dama, sugerindo que ela tem chances reais de vencer, caso fosse lançada como candidata. Ele também fez uma observação curiosa, dizendo que, se fosse nomeado ministro-chefe da Casa Civil, poderia ajudar na construção de uma candidatura de Michelle com grande potencial eleitoral.
Além de nomes já conhecidos e da própria família Bolsonaro, o cenário político de 2026 ainda está sendo moldado por uma série de especulações e possibilidades. O ex-presidente, apesar de estar fora da disputa devido à inelegibilidade, segue sendo uma figura influente, cujas decisões e declarações têm o poder de influenciar a composição do campo político. Sua visão sobre o que considera ser os melhores candidatos da direita será crucial na definição de estratégias para os próximos anos, e sua posição em relação a outros nomes, como Tarcísio de Freitas, Ronaldo Caiado e até mesmo seus próprios filhos, moldará a dinâmica eleitoral de 2026.
Embora a corrida presidencial de 2026 ainda esteja distante, é evidente que o debate já está em pleno andamento. Os principais nomes da direita começam a se destacar, mas as decisões políticas e jurídicas sobre a candidatura de Bolsonaro, sua eventual reversão da inelegibilidade e os caminhos que ele e seus aliados escolherão nos próximos meses serão determinantes para o futuro da política brasileira.