Morre Jimmy Carter, ex-presidente dos EUA, aos 100 anos

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Jimmy Carter, 39º presidente dos Estados Unidos, faleceu neste domingo (29), aos 100 anos, em sua residência na cidade de Plains, Geórgia. Carter, que liderou o país de 1977 a 1981, deixou um legado marcante na política global e na luta pelos direitos humanos. Ele viveu uma trajetória notável, desde suas origens humildes em uma pequena cidade do sul dos EUA até o reconhecimento internacional como um defensor incansável da paz e da democracia.


Chip Carter, um dos filhos do ex-presidente, declarou em um comunicado: “Meu pai foi um herói, não apenas para mim, mas para todos que acreditam na paz, nos direitos humanos e no amor altruísta. Nós o compartilhamos com o mundo por meio dessas crenças, e agradecemos por honrar sua memória ao continuar vivendo esses ideais.” O mundo se despede de um líder que deixou sua marca tanto na política quanto no ativismo global.


Durante seu mandato, Carter ficou conhecido por sua postura crítica às ditaduras da América Latina, como a de Augusto Pinochet, no Chile, e o regime militar brasileiro. Após deixar a Casa Branca, ele continuou a lutar por causas humanitárias por meio do Centro Carter, fundado em 1982. Essa dedicação rendeu-lhe o Prêmio Nobel da Paz em 2002.



James Earl “Jimmy” Carter Jr. nasceu em 1º de outubro de 1924, na pequena cidade de Plains, Geórgia. Filho de um fazendeiro e uma enfermeira, cresceu em um ambiente rural e modesto. Após concluir o ensino médio, ingressou na Academia Naval dos Estados Unidos, formando-se em 1946. Nesse mesmo ano, casou-se com Rosalynn Smith, com quem teve uma parceria de quase oito décadas.


Após servir como oficial da Marinha em submarinos nucleares, Carter deixou a carreira militar em 1953 para administrar os negócios da família após a morte de seu pai. Durante esse período, tornou-se uma figura respeitada em sua comunidade, ocupando cargos administrativos em áreas como educação, saúde e bibliotecas.



A trajetória política de Jimmy Carter começou em 1962, quando foi eleito senador estadual na Geórgia. Ganhou destaque ao defender a igualdade racial e combater desperdícios governamentais. Em 1970, foi eleito governador do estado, onde implementou reformas administrativas e sinalizou o fim da discriminação racial em sua gestão.


Carter anunciou sua candidatura à presidência em 1974, destacando-se como um outsider político em meio à desconfiança pública gerada pelo escândalo de Watergate. Sua mensagem de honestidade e integridade conquistou os eleitores, levando-o à vitória em 1976.


Uma presidência marcada por desafios

O governo de Carter foi um período de turbulência econômica e desafios internacionais. Ele enfrentou inflação alta e uma grave crise energética, reflexos do embargo de petróleo de 1973. Apesar das dificuldades internas, destacou-se no cenário global ao mediar os Acordos de Camp David, em 1978, que estabeleceram a paz entre Israel e Egito.


Sua postura contra regimes autoritários também foi notável. No Brasil, criticou abertamente a ditadura militar, alinhando-se aos princípios de defesa dos direitos humanos. Contudo, sua administração foi profundamente abalada pelo episódio do sequestro de 52 reféns americanos na embaixada dos EUA em Teerã, no Irã. O caso, que se arrastou por 444 dias, resultou em críticas à sua liderança e contribuiu para sua derrota na tentativa de reeleição em 1980.


Um legado além da política

Após deixar a Casa Branca, Carter dedicou sua vida ao ativismo humanitário. O Centro Carter tornou-se um farol de esperança em crises internacionais, promovendo o desenvolvimento social, a democracia e soluções pacíficas para conflitos. Ele liderou missões diplomáticas em vários países, monitorou eleições e combateu doenças negligenciadas em regiões pobres.


Sua contribuição para a paz mundial foi reconhecida em 2002, quando recebeu o Prêmio Nobel da Paz. A premiação destacou seu trabalho incansável em prol da resolução pacífica de conflitos e da defesa dos direitos humanos.


Além de sua atuação humanitária, Carter também foi autor prolífico, escrevendo mais de 20 livros que abordaram temas variados, como religião, memórias pessoais e política internacional. Sua obra “Faith: A Journey for All” (Fé: Uma Jornada para Todos), lançada em 2018, é um exemplo de sua profunda reflexão sobre espiritualidade e humanidade.


Uma vida de superação e resiliência

Mesmo diante de desafios pessoais, Carter manteve uma postura positiva. Em 2015, foi diagnosticado com câncer, mas superou a doença graças a um tratamento inovador. Nos últimos anos, viveu ao lado de Rosalynn, em Plains, onde o casal permaneceu profundamente conectado à comunidade local.


Rosalynn faleceu em novembro de 2023, aos 96 anos, encerrando uma das parcerias mais duradouras e admiráveis da política americana. A perda de sua companheira marcou os últimos meses de vida de Carter, que já se encontrava sob cuidados paliativos desde fevereiro de 2023.


Um adeus marcado por homenagens

A notícia da morte de Jimmy Carter foi recebida com homenagens em todo o mundo. A Fundação Carter anunciou que cerimônias serão realizadas em Atlanta, Washington e Plains, mas detalhes sobre o funeral ainda não foram divulgados. Líderes globais, políticos e ativistas destacaram sua contribuição singular para a paz e a justiça social.


Carter deixou um legado único: um líder que, apesar de um mandato presidencial repleto de desafios, conseguiu transformar sua influência em um símbolo duradouro de esperança, compaixão e integridade. Ele não apenas moldou a história política dos Estados Unidos, mas também inspirou gerações a acreditarem em um mundo mais justo e solidário.


Conforme Carter declarou em uma entrevista em 2015: “Tive uma vida maravilhosa. Tive milhares de amigos. E tive uma existência emocionante, aventureira e gratificante.” Hoje, o mundo se despede de um homem que, com humildade e determinação, transformou sua pequena cidade natal no palco de uma jornada extraordinária.

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