O ex-presidente Jair Bolsonaro voltou aos holofotes nesta segunda-feira, 11 de novembro de 2024, ao publicar um artigo contundente na Folha de S.Paulo, no qual discorre sobre temas como liberdade de expressão, censura, o papel da direita na política e as ameaças à democracia. O texto, assinado por Bolsonaro, não só reafirma sua visão sobre as instituições e a esquerda, mas também faz uma crítica direta às forças que, segundo ele, tentam minar a vontade popular e impedir o avanço das lideranças conservadoras.
No início do artigo, o ex-presidente começa mencionando o que chama de “ventos da democracia”, que, para ele, têm levado eleitores de diversos países a escolherem candidatos e programas mais alinhados à direita. Ele cita o Brasil, a Argentina e os Estados Unidos como exemplos dessa tendência, criticando a visão de alguns analistas que sugerem que essas escolhas representam uma “guinada ao centro”. Na interpretação de Bolsonaro, esse movimento nada mais é do que a afirmação das bandeiras conservadoras que a direita defende há anos: liberdade econômica, valorização da família, patriotismo e respeito às tradições religiosas.
Bolsonaro não hesita em atacar a esquerda, acusando-a de tentar deslegitimar o avanço das lideranças de direita, utilizando-se de estratégias de censura e intimidação para calar aqueles que discordam de suas ideias. Para ele, essas táticas de repressão, como os cancelamentos e as perseguições, não têm sido capazes de barrar o crescimento do movimento conservador. Ele argumenta que a popularidade da direita é resultado de uma identificação com os sentimentos profundos da sociedade, sentimentos esses que, segundo ele, são ignorados tanto pela mídia tradicional quanto pelos líderes progressistas.
Em um dos momentos mais incisivos do artigo, Bolsonaro faz uma acusação de hipocrisia contra a esquerda. Para o ex-presidente, enquanto a esquerda se coloca como defensora da democracia, ela demonstra uma intolerância flagrante com as vitórias dos adversários. Ele cita o exemplo da Venezuela, onde, segundo ele, o regime de Nicolás Maduro se mantém no poder por meio de fraudes eleitorais, e também critica a postura de certos setores da esquerda norte-americana que, após a reeleição de Donald Trump, tentaram obstruir sua participação no processo político. Bolsonaro sugere que a esquerda adota uma postura antidemocrática ao tentar barrar as lideranças conservadoras.
Outro ponto abordado por Bolsonaro é o crescimento das lideranças conservadoras no Brasil, especialmente nas eleições municipais, onde ele acredita que novos líderes de direita estão surgindo com grande apoio popular. Ele observa que a esquerda, por sua vez, parece estar em um processo de envelhecimento e decadência, sem conseguir se renovar e se reconectar com os anseios da população. Para o ex-presidente, esse fenômeno é inevitável, uma vez que a esquerda, ao se distanciar dos sentimentos da maioria da população, está caminhando para a irrelevância política.
Bolsonaro também critica a permanência da esquerda no poder por meio de estratégias de repressão e recursos públicos, mas acredita que essa força política não conseguirá resistir ao desgaste de sua imagem por muito mais tempo. Ele questiona a falta de novos líderes na esquerda e sugere que, enquanto a direita cresce e se fortalece, a esquerda está se tornando cada vez mais isolada. Essa desconexão com a realidade, segundo Bolsonaro, será fatal para a continuidade de sua influência política.
Ao final do artigo, o ex-presidente reafirma o compromisso da direita com os valores da liberdade e da democracia. Ele declara que continuará lutando para manter uma conexão genuína com a população e para defender os ideais que considera fundamentais para o progresso da sociedade. Bolsonaro ainda critica a forma como a direita tem sido rotulada como “extremista” e se posiciona como um defensor do bem-estar das famílias e do Brasil, afastando-se das acusações de radicalismo que frequentemente são feitas a seus apoiadores.
A publicação deste artigo reacende o debate político no Brasil, colocando Bolsonaro de volta ao centro das discussões. Para seus apoiadores, o texto representa uma demonstração de resistência e de sua posição firme contra o que considera as ameaças à democracia e aos valores conservadores. Já seus críticos enxergam o artigo como mais uma manifestação de sua retórica polarizadora, uma tentativa de deslegitimar o sistema democrático e de enfraquecer as instituições que ele afirma querer defender.
A repercussão imediata foi mista. A esquerda, como esperado, reagiu com indignação, acusando Bolsonaro de adotar uma postura que ameaça a democracia e de distorcer a realidade política. Analistas políticos também interpretaram o artigo como uma tentativa de Bolsonaro de reavivar seu capital político e de fortalecer sua base para futuras campanhas eleitorais. Em um momento de intensas disputas ideológicas e questionamentos sobre o futuro da democracia no Brasil, o artigo traz à tona a importância da figura de Bolsonaro como líder da direita no país.
Enquanto o Brasil se aproxima de um novo ciclo eleitoral, fica a dúvida sobre qual será o impacto real desse artigo no cenário político nacional. Será que as palavras de Bolsonaro conseguirão ressoar com a mesma força entre seus apoiadores? E como a esquerda reagirá a mais essa provocação em um ambiente político já tão dividido e polarizado? O tempo dirá se o ex-presidente conseguirá manter a relevância política e se sua visão de mundo, tão contrastante com a dos seus opositores, continuará a atrair o apoio de uma parcela significativa da população.